PARA MEU AMOR

E o amor sobre o gelo

bailava em enlevo

Em notas singelas e suaves

de êxtase e melancolia...

Ora com a solidão...

Ora com a distância...

Ora com a nostalgia...

E percorria

por vezes,

em linhas retas,

outras circulares

o temido vazio...

Saudades impares,

seculares

Em serpentinas ternas ...

Lembranças eternas

Um desafio!

Seria esse seu destino?

Mas os passos insistia

A dor no peito

As lágrimas

Continha...

Parar não fazia sentido

no piano tocava

as mãos da fantasia

e o sonho de longe aplaudia

Agora era preciso

erguer nos braços

a esperança

descê-la em delicadeza

rodopiá-la em bonança...

...E as notas seguiam

Umas revezadas

Outras longas

Em notas graves

Quase caladas

Como o cair por dentro

A sua lágrima...

Outras seguiam agudas

compassadas

Imitavam

O grito,

a angustia

de sua alma...

Mas em piruetas

escarpadas

Numa amplitude tão alta

Parecia trilhar

tocar

O próprio céu...

Entre Spins ou Sit-spins

Girava em incrível Cammel

Até quando?

Não sabia...

Mas ali

permaneceria

indefinidamente...

Até ser o próprio gelo?

Uma escultura

Translúcida

a dançar sobre o espelho

da imprevisível vida

como numa caixinha

de música esdrúxula

numa doce e lívida

agonia

sinfonias

de Ofanins,

Serafins

e Querubins...

Numa espera

De quimeras

Que só a presença tua

Em desenvoltura

Pode por fim.

Marta Cosmo
Enviado por Marta Cosmo em 29/08/2010
Reeditado em 29/08/2010
Código do texto: T2465784
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