PARA MEU AMOR
E o amor sobre o gelo
bailava em enlevo
Em notas singelas e suaves
de êxtase e melancolia...
Ora com a solidão...
Ora com a distância...
Ora com a nostalgia...
E percorria
por vezes,
em linhas retas,
outras circulares
o temido vazio...
Saudades impares,
seculares
Em serpentinas ternas ...
Lembranças eternas
Um desafio!
Seria esse seu destino?
Mas os passos insistia
A dor no peito
As lágrimas
Continha...
Parar não fazia sentido
no piano tocava
as mãos da fantasia
e o sonho de longe aplaudia
Agora era preciso
erguer nos braços
a esperança
descê-la em delicadeza
rodopiá-la em bonança...
...E as notas seguiam
Umas revezadas
Outras longas
Em notas graves
Quase caladas
Como o cair por dentro
A sua lágrima...
Outras seguiam agudas
compassadas
Imitavam
O grito,
a angustia
de sua alma...
Mas em piruetas
escarpadas
Numa amplitude tão alta
Parecia trilhar
tocar
O próprio céu...
Entre Spins ou Sit-spins
Girava em incrível Cammel
Até quando?
Não sabia...
Mas ali
permaneceria
indefinidamente...
Até ser o próprio gelo?
Uma escultura
Translúcida
a dançar sobre o espelho
da imprevisível vida
como numa caixinha
de música esdrúxula
numa doce e lívida
agonia
sinfonias
de Ofanins,
Serafins
e Querubins...
Numa espera
De quimeras
Que só a presença tua
Em desenvoltura
Pode por fim.