Café-com-leite

[Um pedido de paciência...]

Ganhei uma só trégua da bebida tão cheirosa.

Caí de para-quedas, fui expulso de sua mora

E do leite com café não mais restou uma opção

Ainda bem que fui tratado pelo som do chimarrão.

Quando se organiza uma casa, os avessos dão-se aos lados

De quaisquer que sejam temas — sejam réguas ou compassos —,

De qualquer que seja o ângulo formado pelo esquadro,

De qualquer que seja o curso que o amor tem ministrado.

Assim surge uma família — tudo errado e ao contrário —,

E assim vinga a rebeldia (:) do prazer de ser otário

Por morar em nosso ar e dar, ao sonho, a porta aberta,

Por morar entre as paredes de um alguém que me detesta.

Quer ser café-com-leite nesse jogo enlouquecido de formar família.

Quero ter braços direitos nesse raio estarrecido de usar mangas compridas.

Chega!

'Tô de saco cheio!

Eu deveria ter nascido sabendo?

Não é correto que esteja aprendendo?

É errado que eu seja egoísta

Se, por esse dom, percebo e dou calor à nossa pista

De asfalto enregelado de ternuras tão concretas

Por janelas descobertas pelas portas entreabertas?

Caio Trova
Enviado por Caio Trova em 31/08/2010
Código do texto: T2470629
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