O Anoitecer

Depois que anoitece

Desvendo tua nudez,

Que a meu coração enternece,

E assim fico eu mais uma vez,

Com essa imagem que não se esquece.

É noite prazerosa,

Em que fazes a melodia,

Esse teu cheiro de rosa,

Que na paisagem se faz magia.

Vejo-te assim tão pura,

Neste único momento,

Meu amor por ti perdura,

Lá no âmago do meu sentimento,

Mas meu coração há muito te procura,

Nem que seja por um momento.

Mas o quanto estás distante,

Na imensidão do céu,

És majestosa estrela cintilante,

Que habitas o meu sonho,

Que fica jogado ao léu,

Mesmo assim fico risonho.

Com esse teu jeito,

Assim tão meigo,

Que me afaga o peito,

Fazendo com que deixe de ser leigo,

E me entregue ao teu amor santo,

Por apenas um instante,

Eu me rendo ao teu encanto,

Com teu olhar vibrante.

Eis que te entrego o meu coração,

Completamente partido,

Por toda a minha emoção,

Pois este amor foi assim querido,

A mais intensa paixão,

O meu verdadeiro elo perdido.

E agora que não és mais rosa,

Com a majestosa bonança,

Mas continuas assim dengosa,

Plantando em meu coração a esperança.

Hoje enquanto me toca a brisa suave,

Fico eu assim imaginando,

Que sejas a singela ave,

Que pelos céus vem voando,

E seu simples canto,

Que se faz a mais linda melodia,

Enxugando de minha alma o pranto,

Duma emoção que se faz tardia.

Eis aqui estou,

Como se fosse uma lembrança,

Duma criança que restou,

Dos tempos de bonança.

Esse amor que me dá inquietude,

Mas que eu rendo graças,

Pois que nem na minha juventude,

Quão feliz agora me faças

Quão linda se faz à saudade,

Neste humilde verso,

Ela seja a minha felicidade,

Perdida na imensidão do universo.

Mas esse amor tão grandioso,

Em toda a sua plenitude,

Seja ele assim precioso,

Como a mais bela virtude.