CARNAVAL EM VENEZA

No crepúsculo de Veneza

derramaste uma lágrima

como um rio abrindo um fio

no teu rosto maravilhado

de Colombina

Não cheguei a tempo

de usar uma gôndola vaga

para colhê-la com mesura

e juntá-la nos meus olhos

ao meu choro silencioso

de Pierrot

Uma orquestra de cordas

iluminava a Praça de São Marcos

quando sopraste uma promessa

inaudível

nos meus ouvidos ocupados

embevecidos com uma sonata

de Chopin

Quando dei por mim

encontrava-me só

junto à água verde-jade

descobrindo pelo frio

como anunciavam a tua ausência

os raios solares da manhã

Ao longe ouviam-se pombas

a rolhar sobre os telhados

e uma voz bradava

clamando com apelos apaixonados

por um desconhecido

chamado Arlequim

José António Gonçalves

(inédito.08.02.05)

JAG
Enviado por JAG em 27/09/2006
Código do texto: T251044