MAR DE SOLIDÕES

Meço meu amor

pela distância aonde ninguém alcança

quanto maior a separação maior o sentimento

e menor a esperança

pobre que sou

a guardar a vastidão...

quem vem lá?

Se é que vem

se é que virá...

detenho-me a vigiar do alto a solidão,

os barcos estes todos,

jaz distam do ponto terminante

donde ganham ou perdem suas referências,

e o senhor de mim mesmo “eu”,

vai se tornando cada vez mais senhor do tempo

do fim, na fuga do seu verdadeiro Senhor,

da Eternidade; do começo!

Que rasgues as águas vertiginosas do meu ser...

Que consiga eu te conceber

e te amar enfim; vem, estou a crescer,

e minha realidade desaparece sem fim...

mergulhes sem permissão!

que ultrapasses o difícil lugar inatingível

e cesse minha nascente salgada

que jorra na vastidão deste oceano...

e antes inda mesmo da morte

unas-me a ti ó fonte doce

prolongando enfim a alegria

a correr as sendas da posteridade

e que o farol acercado de embarcações

povoem nesta esperança

fazendo do porto inatingível

a construção duma nova pátria!

E eu já sem mais guarda

chore amargamente minhas dores como cura

e desfaça da loucura me re-fazendo de anseios

e esperanças sem fim em gloriosa conquista...