Meu mar, meu barco, meu cais, minha vida
Teu é o mistério do meu barco
que chega num pedaço longínquo do cais
para recolher de ti, um olhar
e logo enfunar velas, soltar as amarras
e ganhar o mar, enlouquecido...
como quem busca um destino,
como quem não acredita na espera
e apenas prossegue para longe e nunca,
onde as águas não me conhecem
e eu sou apenas um navegante anônimo...
Oh! Cais amado e antigo do teu olhar,
onde me abrigo e aninho
e me recolho qual viking ferido
por tantos navegares distantes
nas águas claras como em teus olhos,
porém sem o sal da tua presença!
És a mulher e a fêmea da minha vida,
com teu corpo de sargaço
e tua alma de ninfa
a me chamar para a carne e o sonho
para a magia e os mistérios do amor.
Tua voz é o sussurro do vento leve
a me conduzir para adiante
e nessa movência à distância
sinto em teu corpo a fibra do meu;
da mesma matéria de que somos feitos,
que quanto mais se salga pelo tempo,
tanto mais intacta se preserva
em nosso ir de barcos e almas,
navegado à muitas paixões e amares
e agora se recolhem num só:
aportar e ficarmos juntos.