Divã: dele, ela

por um tempo pareceu seu analista

ouvido atento aos dilemas: suas fantasias

das entranhas sensações inconfessáveis

como um mantra indiano sussurrava-lhe

pouco a pouco, inverteu-se a posição

seu recôndito desnudava para ela

que atenta delirava na ilusão

(punha ele total confiança nela?)

estimulava, ingênua, a transferência

sendo o divã e a aplicada audiência

dando conforto além no tratamento

ao encontrar-se, ele se foi pacificado

deixando nela as incertezas restauradas

(e esse amor se presta para tal experimento?)

Janete Santos
Enviado por Janete Santos em 30/10/2010
Reeditado em 15/05/2020
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