Entre Agulhas

O café da manhã desceu rasgando meu amor

Que triste decepção estampou na toalha da mesa

Ficaram apenas os farelos de pães doces

Soltos por entre o vapor da água quente no fogão

Meu amor largou a casa pela manhã

Nem suas roupas vermelhas lavei

Nem seu sorriso contemplei ao acordar

Foi tudo tão mágico que logo desabei

Por outros tantos retalhos me deixou

Não pude costurar o tecido passado

Agora a linha do presente me costura

Os botões negros da nossa mentira

As estampas daquela manhã meu amor

Estão entre as agulhas em meu peito ardendo

Não quero que voltes sorrindo ao colorido

Quero distante de mim para me ver sorrindo.

Silmara Silva