As brumas que o vento espalha...

O universo dos seus sentimentos

É um mar tão denso!

Quem ousa navegar?

Mas as brumas que o vento espalha,

Na calçada dos detritos vaporosos e salubres,

Têm o gosto do amor, que me encoraja

A um mergulho nessas águas desconhecidas.

E, feito navio

Num ínfimo ponto do oceano infinito,

Com uma curiosidade bussolar,

Eu tento me orientar.

Aonde levar os meus tesouros das Índias;

Onde enterra-los, guarda-los e sepulta-los

Se o mapa do meu ser está de cor e salteado

Na ponta de sua mordaz língua?

No porto das estrelas

Você me espera, de braços abertos

E com os olhos incertos

De pranto e solidão.

A cúpula noturna não lhe é segredo.

Ás vezes até me perco,

Mas a rota das estrelas

Sempre me acompanham.

E com os seus pequeninos dedos,

Ao toque mágico dos nervos,

Constela-se o caminho,

Resolve-se o meu inconstante bussolar.

Quando os ventos desaparecem

O medo de não chegar me apodera.

Olho para o alto e contemplo o universo de seus sentimentos;

Meu Deus, como é imenso!

Mas, logo muda o tempo,

E as brumas que o vento espalha,

No alvoroçar eterno das ondas,

Guardam o sabor do seu beijo...

Mar de Oliveira Campos
Enviado por Mar de Oliveira Campos em 08/10/2006
Reeditado em 08/10/2006
Código do texto: T259570