As brumas que o vento espalha...
O universo dos seus sentimentos
É um mar tão denso!
Quem ousa navegar?
Mas as brumas que o vento espalha,
Na calçada dos detritos vaporosos e salubres,
Têm o gosto do amor, que me encoraja
A um mergulho nessas águas desconhecidas.
E, feito navio
Num ínfimo ponto do oceano infinito,
Com uma curiosidade bussolar,
Eu tento me orientar.
Aonde levar os meus tesouros das Índias;
Onde enterra-los, guarda-los e sepulta-los
Se o mapa do meu ser está de cor e salteado
Na ponta de sua mordaz língua?
No porto das estrelas
Você me espera, de braços abertos
E com os olhos incertos
De pranto e solidão.
A cúpula noturna não lhe é segredo.
Ás vezes até me perco,
Mas a rota das estrelas
Sempre me acompanham.
E com os seus pequeninos dedos,
Ao toque mágico dos nervos,
Constela-se o caminho,
Resolve-se o meu inconstante bussolar.
Quando os ventos desaparecem
O medo de não chegar me apodera.
Olho para o alto e contemplo o universo de seus sentimentos;
Meu Deus, como é imenso!
Mas, logo muda o tempo,
E as brumas que o vento espalha,
No alvoroçar eterno das ondas,
Guardam o sabor do seu beijo...