V.O.C.Ê.
Eu sou louco por v.o.c.ê.,
(Vida Orgânica Cheia de Esperança).
Dentro de um elevador parado
Meu amor todo por v.o.c.ê. eu declaro
Impossível subir
Impossível descer
Jogamos nossas ações pela janela panorâmica
Nos amamos sobre a impossibilidade tatâmica
Desistimos de povoar o deserto
Dentro de nós
Tão longe
Tão perto
Ergamos nossas taças de bronze
Ouçamos a sinfonia dos últimos animais
Os sete pecados capitais já são onze
Palavras aportam em nossos cais
O que nos ensinaram ja virou sombras na floresta
O que presta e o que não presta
Já não cabe em nossas vazias almas
Precisamos de mais medo e mais calma
V.o.c.ê.
É indiana africana suburbana mundana sana mucama
Cheia de escamas drama fervura de óleo na panela
Safra de 83 aberta e lançada do alto da janela
Etérea terrestre campestre silvestre plana
V.o.c.ê.
Deve reabrir seus portos abrir suas fronteiras
Mesclar chuva doce com suco de bananeira
Deve ter misericórdia dos que andam mutantes
Amar os aventureiros os peregrinos os viajantes
Só assim os poemas agarrados às páginas
Poderão correr livres pelas estradas desse país
Só assim desmontaremos as milhares de máquinas
De fazer ouro que tiram todo dia do nariz.