Peregrino do tempo
Águida Hettwer

Peregrino do tempo em auroras a descortinar,
No cais poético, lanço âncora, escrevendo na areia branca,
O âmago ferido, pêndulo imaginário desmistificar,
Em rubras cores a desvendar, travanca.

Penetrante o sentimento que me invade, atinge a inclinar,
Histórias cultivadas na memória há tanto tempo exclama,
No portal da eternidade, deixo saudades, lágrimas a desmoronar,
Átrio de lembranças, onde a poesia proclama.

Desvelo do corpo em primazia, desfalece de tanto amor,
Leveza no encontro dos lábios, utopia padece,
Descobrindo o amor em cada porto, o vento traz rumor,
Suave segue o rio por entre as pedras, diante de uma prece.

Propondo-me viver tudo outra vez, no peito inflama,
O sangue ferve em minhas veias,
Transborda onde acende a ardente chama,
Resquícios de euforia a alma salteias.


10.10.2006