PARADOXO DE ROMEU E JULIETA

Oh coração serpente, mascarado com feições de uma flor!

Em algum tempo dragão já houve em cova tão formosa?

Monstro atraente, angélico demônio, corvo de belas penas, cordeirinho devorador como o insaciável lobo, substância desprezível de aparência mais que divina, justamente o oposto do que mostravas ser!

Santo maldito, muito honrado vilão!

Ó natureza, que tinhas a fazer no negro inferno, quando puseste um infernal espírito no mortal paraíso de uma carne tão bela e tão perfeita? Já houve livro de matéria tão vil, que encadernado fosse com tanto esmero?

Oh! que a mentira tenha morada num palácio desses!