BATESTE À MINHA PORTA

Bateste à minha porta de levezinho

Para não me acordares num repente

Bateste com pancadinhas de carinho

E a porte foi-se abrindo, lentamente

Foste com meigos gestos empurrando

E a porta foi cedendo mais e foi abrindo

Com passos firmes, seguros, foste entrando

E meu templo de solidão foste descobrindo

Entraste, e que viste? Um templo frio

Onde imperava tirânica a solidão e a dor

Onde cada dia era passado em desvario

E à noite ... a noite com fantasmas de terror

E tu, sempre devagar e de mansinho

Tateando cada gesto, ensaiando cada passo

Ganhaste cada palha do meu gelado ninho

No reconfortante calor do teu abraço

Bateste à minha porta de levezinho

Douraste com teu sorriso o meu viver

Nunca deixes de entrar de mansinho

Não quero mais a solidão. Quero viver.

Bauru, 1999

(tirada do fundo do baú)

João Guerreiro
Enviado por João Guerreiro em 23/11/2010
Código do texto: T2631362
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