Preciso do seu amor
jogo o papel no cesto
novamente
nada é tão certo
quanto o sorriso
que nos maltrata
passo os dias catando
palavras no ar
zumbidos intermináveis
moscas que passam
zombando dos poetas
o carteiro entregou
cartas devolvidas
nunca recebidas
nunca enviadas
na caixinha do correio da vizinha
fecho os olhos para imaginar
um corpo sensual
uma pele de cigana
mas a dor refaz o sofrimento
mãos que buscam fantasmas
preciso do seu amor
amor tão perfumado
flor roxa perdida no mato
o dia se vai
e o poema morre cedo