Cenas da noite

A noite está sombria e deserta

Como o meu coração.

Vejo o vento levar o papel

Assim como seu adeus na estação.

Não peço para que fique,

Pois assim como as nuvens se vão,

Você também deverá ir.

E quem sabe você volte como a chuva

E me molhe por inteiro,

Deixando-me completamente

Afogada em seus braços.

O tempo começa a se fechar,

Trovejar, relampejar, raios a me assustar.

Assim como a minha garganta

Começa a se sufocar para que os meus gritos

Não comecem a despertar a vizinhança,

A quebrar os vidros das janelas já fechadas

E alcancem os seus ouvidos

Que não devem ouvi-los nunca,

Pois fui eu quem os libertei da minha voz

E sou quem quer que eles sejam sempre livres

Da minha voz e das outras.

Egoísta sim, como a chuva que começa a cair

Sem nem mesmo perguntar se queríamos assim.

A chuva cai e molha a janela

Que meu grito poderia ter quebrado.

Mas como a imagem que outrora sombria e vazia,

Agora só escura e chuva caindo;

Eu sei que já não vai mais

E o adeus na estação ficou apenas

Na lembrança do que aconteceria.

Não sei se seria melhor que a chuva parasse

Ou que me encharcasse;

Que você fosse embora,

Ou que me afagasse.

Cenas da noite continuam passando,

Elas ainda não terminaram.

Não sabemos quando elas cessarão

Mas, pelo menos, esta poesia já está finalizada.

Gabriela Ferper
Enviado por Gabriela Ferper em 22/10/2006
Código do texto: T270383