Do amor que posso

O amor que posso e não me foge à rima,

despede a farsa ao projetar um rumo

do eterno sonho, mesmo que deprima,

no fim do acaso que se fez sem prumo.

O amor que sinto peca, na verdade,

no alar sem jeito de um velado canto,

nos tais momentos de sentir vaidade

em que me envolve seu dourado manto.

É muito o preço que me cobra a vida

em festas tantas de um bailar sereno,

em palcos quantos... Fala indefinida

que pouco dura, no cenário ameno,

mas que embeleza a dor da despedida

na tela fria, azul de metileno.

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 24/06/2005
Código do texto: T27315