OUÇA-ME
Num ponto da estrada,
o coração se solta
e em vão reclama:
-Não dá pra continuar
a caminhar sem pouso,
por trilhos do nada
extensos ao infinito.
Veja que a paisagem
pode até fazer sentido
pela centelha indecisa
do tempo que se anuncia.
Escuto a voz que ousa
querer mudar o meu rumo
e na direção desta luz
a sombra que se projeta
encontra um chão seguro.