DESEJOS

Assaltam-me doces encantos,

Irreais, mas quisera, verdades fossem,

Fantasias alimentadas por quem ainda sonha,

Tornando audácia secretos desejos contidos,

Num íntimo que palpita doces euforias.

Queria, num principio, pretensioso,

Alçar-me no alto, qual pássaro irreverente,

E de lá, livre, contemplar o espaço infinito,

Fazendo transbordar delicias antes reprimidas,

E aos poucos, num leve torpor de mente,

Despencar em transe todos meus instintos.

Imaginar-me chuva que cai suave e calma,

Regando as flores que exalam êxtases perfumes,

Molhando a terra ressequida, sedenta de água,

Trazendo o frescor para o calor sufocante,

E viço forte para as plantas exauridas.

E na noite que traz alento para o descanso,

Tornar-me sereno e roçar rostos enamorados,

Fazendo-me cúmplice de suas confidências trocadas,

Com o cuidado, no entanto, evidente,

De guardar os segredos com paixão sussurados.

E quando a aurora surgir radiosa e bela,

Ser cintilante gota de orvalho ao refletir do sol,

Parecendo, a quem de longe embevecido contempla,

Uma jóia rara de faiscante beleza,

Que a natureza sábia gratuitamente oferece.

Jairo Valio – 27-10-2006.