Palavras não esperadas

Tu entra pela porta, de supetão, me olha nos olhos e dispara a falar sem pudor, deixando que teu coração seja dono de tua voz. A tua língua, com maestria, vai dando ao som a forma de palavras bonitas, pontiagudas e rápidas, que são atiradas sobre mim sem que haja mira, mas que acertam o alvo pretendido em cheio.

Eu, em meu estado letárgico, conseguido através de anos de prática em minha solidão, nunca estive preparado para isso. Mas quem é que pode estar preparado para algo como isso?

Sinto o coração bombear o sangue mais forte e mais rápido, aumentando a intensidade e a velocidade a cada bombear. Por um inifitésimo de segundo tenho medo, não que me exploda as veias e o coração, mas temo o desconhecido, que é pra onde tuas palavras me levam.

Porém, o medo logo vai embora e leva consigo toda a sensação de letargia. Eu me levanto em um salto, abraço teu corpo de encaixe perfeito ao meu e repito ao pé do teu ouvido as mesmas três palavras não esperadas que me disseste, sentindo nossos corações baterem em sintonia.

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 25/01/2011
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T2750790