Amores que matam
Eu não quero um amor civilizado
Com recibos e senas de sofá
Eu não que que viajes ao passado
E voltes do mercado com vontade de chorar
Eu não quero vezinhas fofoqueiras
Eu não quero plantar nem compartilhar
Eu não quero 25 de dezembro
Nem aniversarios felizes.
Eu não quero carregar tuas maletas
Eu não quero que escolhas meu shampoo
Eu não quero mudar-me de planeta
Cortar a custeleta, brindar a tua saúde.
Eu não quero domingos pela tarde
Eu não quero balança no jardim.
O que eu quero coração covarde
É que morras por mim...
Eu não quero juntar para amanhã
Não me peças pra chegar ao fim do mês
Eu não quero comer uma maça
Duas vezes por semana, sem vontade de comer.
Eu não quero calor de invernadeiro
Eu não quero beijar tua cicatriz
Eu não quero Paris com aguaceiro
Nem Venesa sem ti.
Não me esperes na porta do cartório
Não me digas: tentemos re4começar
Eu não quero nem livre nem ocupado
Nem carne, nem pecado
Nem orgulho, nem piedade.
Eu não quero saber porque fingiste
Eu não quero contigo, nem sem ti
O que eu quero garota de olhos tristes
É que morras por mim.
E morrer contigo se te matas
E matar-me contigo se tu morres
Porque o amor quando não morre mata
Porque amores que matam nunca morrem.