SER ENIGMÁTICO (ou paródia a Jorge de Lima)

Não queiras entender os poetas naquilo

Que eles concebem desvairados,

Pois, mesmo o mais sóbrio e tranqüilo

Se faz ausente dos versos lavrados.

Num meio deserto e inabitado

Eles constroem o seu asilo,

Morada hostil e sem estilo,

Bem ao gosto do abnegado

Eles parecem, porém, possuir radares

Que emitem ao mundo imagens difusas

Do que é seu ser e até sua alma.

Esse mecanismo é precário e exótico,

A ninguém dá a conhecer as musas

Que acedem àquele mundo caótico.