Sobre amores & humanos

Intrigada

ela fazia sua leitura

sobre amores & humanos

enquanto da janela,

o crepúsculo vespertino

flamba as nuvens

de saudades

arrebol de estrelícias

despercebida pelos habitantes

e vista diariamente com inconsciência

porque era assim que uma estátua

pertencia a uma cidade

os seres marinhos

quando não tocam o mar

se adaptam a uma vida

flutuante

um dizer lustroso

como um escaravelho

te esquecer, eu tento

Mas me sinto como um homem

que sonha , que grita,

que vibra de esperança!!

Mas que frustrado,

só abraça o vento

e o olhar

continuava a ser

sua flexão máxima

olhos desconfiados & desafiantes

o mais notável lampejo de cor

numa pintura escura, densa

a liberdade diante do naufrágio

da introspecção

ele não sente a necessidade

de completar a impressão

com a expressão

e eu surpreendendo em ti

uma nova forma de ter

minhalmna

Berna é linda e calma

vida cara

o que não impede

que tanta gente, em silêncio

se jogue da ponte

Kirchenfield

ver e sentir

a matéria que é feita um cão

é a coisa mais doce que já vi

e cão é de uma paciência

com a natureza impotente dele

e para a natureza incompreensível

dos outros

e com os pequenos meios que ele tem

com uma burrice cheia de doçura

ele arranja um modo

de compreender a gente

de um modo direto

Seremus serenus emfim?

Nosso amor é assim

paraíso imperfeito

carmim

Não te metas ente o dragão

e sua fúria

Minha vida como um peão

Jogá-la contra os inimigos?

Oi é breque de boi

Em close

a boca mordendo um pêssego

como se devorasse

a cabeça de um pássaro

Você na noite vestida de lua

e eu um chocalho

em suas mãos de

cetim

Você matou o medico???

E a peste???

Praga!!!

A linguagem incompreensível do amor

não será traduzida

em um livro de capa dourada?

entrei no enquadramento da tarde

estirando meus passos pelo domingo

anônimo e viril

sumindo de mim

Matar Zé Bebelo

feito fosse boi de corte?

rosa púrpura murcha

e os cascos dos cavalos

ecoando em sua mente

a forma de um brexó poderoso

seqüestrador de tempestades

e a metáfora se conservava fresca

cheia de nervuras

como um morango recém cortado

é que eu não sou senão

estado potencial

sentindo que há em mim

água fresca

mas sem descobrir onde é a fonte

será que não esta ali

entre as arvores grandes de Manre?

Como flechas na mão

de um poderoso

é aquela pessoa

com extraordinária

vocação espiritual

e poder lingüístico para expressá-la

Te esquecer, eu tento

Mas me sinto como uma árvore

Frondosa, acolhedora, absoluta, secular

Mas que vê ao longe, lépido e atroz,

o fogo sedento

o bar é sujo

e os rostos desconhecidos

a madrugada de pés pesados

o poste de luz

ilumina a poça d’água

criando fotografias

jamais vistas uma segunda vez

ele movia uma alavanca

e as ninfas

ficavam apenas de tiara

e bolerinho

havia em Recife numa praça

um homem que vendia uma laranjada

na qual a laranja

havia passado longe

isso e um pão era o nosso almoço

sair para escolher o alfinete

que prenderia

seu próprio corpo

a um inseto

seus olhos marfrios

olharam para Bahia

sobre seus ombros sábios

o sol lançou lantejoulas

e moedas dançantes

através da marchetaria das folhas

o cheiro no vestido

provoca pensamentos

como fogos de artifício

uma mulher fantasma

sua crina espumando na lua

com cinzas no seu sopro

Ó deus lacrimejante!

Oferecendo torrões de amor

Deão furioso

pequenos prazeres transitórios

esperando que passem as horas

e venham outras iguais

ela tem a tendência

de sondar o interior

de um formidável

e indisciplinado caos

o que não se explica

é que em parte de nós

isso fica

não pense que a pessoa

tem tanta força assim

a ponto de levar

qualquer espécie de vida

e continuar assim

a mesma

minha febre são as palavras

Te esquecer, eu tento

mas me sinto como a pétala

que se desprende da jovem rosa

açoitada pelo vento

esperar que a neve passe

e surjam de novo

os gerânios vermelhos

refletindo nos espelhos d’alma

foram

ditos

ditames

díspares

um minuto de eternidade

sem gelo por favor

luz azul no aquário

e um abajur vivo

coração luar em chamas

transmontando altaneiro

tuas searas

de nirvanas

Você tem cérebro

ou um cesto de torresmos?

suicídio é o desencontro

das mãos

quando a infidelidade pode

ser fatal

Herman Hesse conta uma história

mas a história

é simplesmente

uma moldura

para exploração de possibilidades

sensoriais e filosóficas

cosméticos e anestésicos

diluíam a solidão

em copos de neon

a escadaria deserta de mim

meus olhos vazios

sem a tua imagem

lacrimejando elegias

de adeus

nos sonhos

a sonoridade

das sombras

quando as linhas paralelas

se cruzam no infinito

até o sol

incendiar minhas cortinas

exigente demais

afável de menos

mesa quieta

leio pra três

cadeiras

o salmo 23

não requente

este café

a função da projeção

não é acertar

mas dar uma direção

quando as pessoas

olham para um corpo

num caixão aberto

sempre comentam

sua maquiagem

Te esquecer, eu tento

mas me sinto como um sapato

jogado ao canto do quintal

sem o seu par, sob a lua da madrugada

entregue ao gélido relento

as vezes ela sorria devagar

e toda rotação do mundo mudava

em aberto as coisas voam

como as folhas do calendário

em meio aos teus lábios & versos

sinto-me flutuar em espiral

na cadência de milhares de arraias

dentro de balé vertiginoso

divinal

toda intenção se partindo ao meio

no fim a pessoa fica culta

mas não é o meu gênero

a ignorância nunca me fez mal

prefiro

a paz que há

nos olhos do boi

minha atração por abismos

vinha da certeza

de que, na queda

meu corpo faria romper

amplas asas rasgando a pele

a vitória ou a derrota

pertencem aos deuses

alegremo-nos com a batalha

mire as estrelas

para acertar ao menos a lua

fale-me essas coisas todas

ao meu ouvido

na hora

mais rígida do seu corpo

preciosa e precisa harmonia

a busca por sentidos ocultos

no interior da linguagem

é uma atividade muito séria

Te esquecer, eu tento

mas me sinto como a estrela

radiante, palpitante, toda luz

que se perde no cosmos

de sua galáxia

buraco negro adentro!

todas as famílias felizes

se parecem

cada família infeliz

é infeliz a sua maneira

dentro do meu coração

os pensamentos pesados

vão se desmanchando

e virando invisíveis

barquinhos de papel

um fruto

apodrecido no galho

também guarda

sementes sãs

foi que eu lambi idéia

a gente é braço d’armas

para o risco de todo dia

pra tudo miúdo que vem no ar

mire e veja o senhor

viver é muito perigoso mesmo

O horizonte

é o mais perfeito verso de Deus

só te quero ver

só te quero verso

a vida tem a cor

que você pinta

Eu cometo versos

você comete?

Cometa!

Haley

O que importa mesmo

é o avesso do bordado

enquanto o que é sim

não se desequilibra em manhã

talvez apenas respiração

Você tem paz Clarice?

Nem pai nem mãe.

Não é a velocidade que mata

Mas a parada brusca!

Te esquecer, eu tento

mas ao me lembrar daquele olharzinho dócil

ficar triste, sorumbático, taciturno

confesso ser capaz de roubar não só os anéis

mas o piercing ( ranco-lhe da língua ) , as maria–chiquinhas,

roubaria pra você,

todo o penduricalho de Saturno

As pedras são feitas?

Ou nascem?

As pedras estão!

Seus olhos com

as inúmeras pestanas

pareciam duas

baratas doces

o espelho rachado

de uma criada

ser o símbolo

da arte irlandesa

vocação é diferente de talento

pode-se ter vocação

e não ter talento

isto é

pode-se ser chamado

e não saber como ir

Que tal?

lavar a lua com leite

a literatura

é a vida vivendo

não fará o juiz de toda terra

o que é direito?

então teça tecelão do vento

pois as vezes

o fio que costura

com panca de cura,

é a dor

Madame Bovary

C’est moi

Mau é não viver, só isso

morrer é outra coisa

abonou os cílios

procurando sensações

o peso dos hábitos

o fundo das coisas

feito animal de estimação

que por não compreender

faz xixi no tapete

lua madura

quase caído do tronco

da noite tropical

lua enlouquecendo poetas

aquietando nas suas almas

os lobos de Hesse

em espasmos de luz

em seu conjunto

há um milagre de equilíbrio

combinando a lucidez intelectual

dos personagens de Dostoievski

com a pureza de uma criança

tapeçaria de desejos & mistérios

de começo ácido

e fim solitário

Te esquecer, eu tento

mas me sinto como águas

que agora se secam

mas que outrora:

eis voraz rebento!

Eu trazia agarrada a minha mão

uma moeda fria

que me dava segurança

contra o mundo mau

Temos que ser equilibrista

até o final

O sangue corria vagarosamente

o ritmo domesticado

como um bicho

que adestrou suas passadas

para caber dentro da jaula

Brutal e mal terminada

como uma pedra

intacta

no canto da Br 116

sentido

Curitiba – São Paulo

mas forte e belo

como um cavalo novo

A capacidade da felicidade

e do sofrimento

estão amarrados de modo

tão apertado e indissolúvel

como o lobo e o homem

estavam dentro de Harry

“os maiorais são amorais

Os olhos são um magneto

e atraem o ferro, daí que

nos sintamos atraídos pelas mulheres

e não pelo céu

pois as mulheres nos miram

com dois olhos

e o céu apenas com um

Um casal de idosos centenários

caminha lentamente

mãos dadas

enlaçadas bem forte,

vincos, suspiros

folhas caem perguntando:

O que você esta fazendo

com a sua vida?

É quando teu amor irrompe

com a força das ondas

capacidade tão vermelha

e exclamatória,

contundente

ante a água pura submergindo

em ceticismo da lontra

no meio do meu silêncio

e do silêncio da rosa

havia o meu desejo de possuí-la

como uma coisa só minha

a felicidade

em Miami Beach

e a tristeza

por não possuir a dignidade

de receber

sequer um não,

como resposta

mas o tempo

é o melhor metiolate

para os vincos & cisões

de um coração apaixonado

bacio nel cuore

bela italiana

até as vagas do mar param

encantadas

contemplando-a

mesmo quando tudo

pede um pouco mais de calma

até quando o corpo

pede um pouco mais de alma

a vida não para

Te esquecer?

Olha,

eu bem que tento

Terminada a leitura

ela sorriu

leve, breve & suave

seu companheiro entrou

e perguntou-lhe:

Susse que nem musse?"

Vários autores

Karl Heinrich Marx - Clarice Lispector –

Assionara Souza - Escrituras Sagradas

- Andy Warhol, Leon Tolstoy –

Davi Cartes Alves - James Joyce -

João Guimarães Rosa - Benjamim Moser –

ILan Goldfajn – Gustave Flaubert –

Fernando Sabino

e outros.

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 06/02/2011
Código do texto: T2776022
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