AINDA NÃO É HORA DE DIZER ADEUS
No meio da vida, encontrei
teu sorriso flutuante feito borboleta.
Não te amei, nem senti
coisa alguma no peito que explique
os poemas posteriormente escritos
por minha mão direita.
Malandro, anjo, esguio,
escorregaste até minha pele
e pude perceber tua doçura.
Homem menino, louco,
tinhas uma liberdade,
inexplicável ternura.
E me vi enredada.
De tua história, roubei
muitos e muitos capítulos.
Mas a loucura cansou
e já não sei
se é hora de dizer adeus.
Sou assim volúvel,
onda no mar, vou e volto.
Exponho as vísceras,
escondo os sentimentos.
Dispo-me com a simplicidade
de quem pisa em poças d'água.
Mas não mostro a ninguém
alegria ou mágoa.
Sou esse mistério que te incomoda.
A dor de tua alma.
Intransponível.
Não sei se prezo o amor
ou essa sensação indizível
de ser tua e não ser,
de ser livre para me prender
a qualquer porto mais calmo
sob a perfeita tempestade.
Amo assim e tanto e fortemente
que chego a temer por ti e por mim.
Posso ir, posso ficar,
devo dizer a palavra e te cortar
os pulsos.
Não devo.
É hora de dizer adeus?