AMAdor

AMAdor

Disse a mim, “me ame”,

E eu a amei...

Amei tanto que estou cansado,

Quase sem forças para escrever.

Foi tão intenso que a porta de casa se abriu

E o mundo entrou nela, que eu nem percebi.

Quando acabei de amá-la, a porta estava trancada,

O mundo estava dormindo em minha casa

E nós estávamos realizados,

Porém, amanhã o mundo acordará,

Dizendo, “você faz de cada ilusão,

De cada sonho, de cada saudade

E de cada desejo a ruína de uma dor”.

Quando você voltar, olhará em meus olhos

E verá que estarei tristonho,

Recusando amá-la novamente

E verá que foi em vão tudo que fez

E verá que foi em vão o tanto que amei...

Volto, então, ao meu monólogo

E você à rua fria e fazia,

Cenário perfeito a tua tristeza.

Eu solitário com prato sobre a mesa,

Com o olhar fixo em um retrato na parede,

Até que a sopa esfria

E por um motivo qualquer

Meu coração bate descompassadamente.

Diz certo quem diz

Que neste mundo sofre quem ama,

Hoje, bem sei que é assim.

E dos amores mal vividos, quem reclama

É covarde na vida,

Porque não reconhece que dentro de si

Uma brasa acesa a consome...

E quando alguém pedir para amá-la,

Não hesite em acender a brasa adormecida

E revigore no seu interior aquela bruta chama,

Porque um dia você amou na vida...

Eduardo Dias
Enviado por Eduardo Dias em 05/11/2006
Código do texto: T282865