Nos deram as dez...

Foi ao lado do mar uma noite depois de um concerto

Tu reinavas de trás da barra do único bar que vimos aberto

Canta-me uma canção ao ouvido e te sirvo uma gelada

Com uma condição:

Que me deixes aberto o balcão de teus olhos de gata

Louco por conhecer os segredos do seu dormitório

Esta noite cantei no piano do amanhecer todo o meu repertorio.

Os clientes do bar um por um foram se largando

Você saiu pra fechar, e eu disse:

Cuidado rapaz, estas te apaixonando.

Logo tudo aconteceu de repente

Seu dedo nas minhas costas desenhou um coração

E minha mão lhe correspondeu debaixo da tua saia.

A caminho do hotel nos beijamos em cada esquina

Era do lado do mar

Eu queria dormir contigo e tu não queria dormir sozinha...

E nos deram as dez e as onze, e as doze e a uma e as duas e as três.

E desnudos ao anoitecer nos encontrou a lua.

Nós dissemos adeus, oxalá voltemos a nos ver

O verão acabou o outono durou o que tarda em chegar o inverno

Ao teu povoado o azar outra vez no verão seguinte me levou,

E no final do concerto, comecei a buscar teu rosto entre as pessoas

E não achei quem de ti me disse-se nem meia palavra.

Parecia que o destino queria me pregar uma brincadeira macabra.

Não havia ninguém de trás da barra do outro verão

E em lugar do teu bar eu encontrei uma sucursal

De um banco americano, tua memória eu vinguei

A pedradas contra a vidraça sei que eu não sonhei

Protestava enquanto me algemava os policiais

Em minha declaração aleguei que tinha tomado

Algumas copas.

E comecei esta canção no mesmo quarto

Onde aquela vez, você tirava a roupa.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 12/03/2011
Reeditado em 12/03/2011
Código do texto: T2844039