Um Fim De Caso
Não existe mais em mim a vontade de ligar,
de escrever, de procurar...
nem mesmo aquela saudade,
que me fazia por horas imaginar,
curtir... sonhar...
com a delícia que era cada encontro...
O que certamente aconteceria,
enquanto eu me permitisse enganar...
é difícil concluir verdades,
quando se recusa a aceitá-las,
acreditando-se que ao evitá-las,
pode-se resolver o que está resolvido...
percebi que o final chegava
quando comecei a comparar...
a realidade oferecida era virtual.
A virtualidade passou a ser real.
Os zelos, as atenções, os carinhos,
as palavras doces em mensagens eletrônicas...
convites a um prazer unilateral,
que passou a ser banal...
histórias se sucediam até que me aborreci.
Procurei, então, outra saída
e redefini minha vida,
ligando e desligando outras telas...
dando limites às minhas ilusões...
depreciando minhas frustrações...
mas sabendo que ali, isso é normal.
É disso que é feito o virtual!
Do real, restou a desconfiança,
as dúvidas geradas por cada demora...
a mesmice de uma existência sem rotina,
onde cada fato que se examina,
está concluído no final de cada hora,
quando vejo morrer minha esperança...
e o que termina, mais uma vez,
é aquilo o que nunca teve início...
uma realidade que sempre foi virtual,
repleta de artifício
e mais um caso que se desfez....