Corpo, coração e desejo...

O corpo tem um ontem

Que não se cura amanhã,

Nove noites por semana

Sem vontade de amanhecer,

Labirintos de prazer

Quando baixa a persiana

Do crepúsculo, Diana,

Caçadora de via estreita,

Crava sua póstuma flecha,

Na minha podre maçã.

O coração é um flam

Que encolhe com cada dor

E se inflama quando soa

A flauta doce de Pan.

Eva se vai com Adão

Porque o amor desenfreia

E, ao calor da verbena,

Sempre aparece um garoto

Que lhe financia o gaspacho

Depois da noite boa.

O desejo é um corcel

Que a maturidade embrida,

Quando o barco da vida

Não aceita tratos com ele.

Não se trata de ser fiel

À esposa mal querida

Nem por vinagre na ferida

Da louca juventude;

A paixão e a saúde

Perdem sempre a partida.

Joaquin