Para os Homens da Minha Vida

Quero tu, o forte,

Quero tu, o delicado,

Quero tu, o frágil,

Quero tu, o coitado.

Quero tudo e todos.

Tuas mãos velhas e ásperas,

Tuas mãos novas e finas,

Tua eloqüência exacerbada,

Tua maturidade libertina.

Quero teus toques, teus nãos,

Tua juventude balzaquiana,

Tua sabedoria insana,

Tuas verdades mentidas.

Teu sangue, teu gozo,

Tua alma, teu corpo,

Tua velhice, tua plenitude,

Tuas ausências, tuas virtudes.

Viver dos vinte, dos trinta e dos sessenta.

Ser teu corpo, tua angustia, tua placenta.

Te gerar como um filho qualquer.

Me sentir mãe, puta e mulher.

Ser tua fama, tua lama,

Tua beira sem eira,

(Tua vontade qualquer)

ser tua mola, teu zumbido,

tua esmola, teu umbigo.

Um centro qualquer,

Uma menina casta voyer.

Ser tua ânsia de mulher,

Ser alguém que ninguém quer.

Ter medo das tuas rugas.

Ter medo da tua inteligência.

Ter medo de ficar muda.

E da tua pseudo-experiência.

Teu medo, tua deselegância

Teu porto seguro, tua arrogância.

Tua ousadia, tua metade.

Tua vergonha, tua idade.

Eu teu ser idolatrado, eu teu ser violado.

Eu teu ser infeliz, eu tua vaia e teu bis.

Tua vontade de viver, teu motivo pra sofrer.

Tua vontade de correr, chorar e morrer.

O ser intocável, o ser que vive dentro de ti,

Teu pássaro corvo, águia,

Um amedrontado bem te vi.

Reluto contra te querer.

Reluto contra o que podes me fazer ser.

Uma qualquer, pudica, insana,

Vagina, lábios ou cama.

Tua insensatez, tua moralidade,

Tua perversão, a minha castidade.

Meu eu, meus “tus”.

Não são meus, são amores vodus.

Tu minha referência,

Tu meu ideal,

Tu igual a mim,

Tu o meu ser banal.

Reluto contra o amor,

me perco em imagens.

Te encontro em mil homens

te encontro em mil faces.

Sou tua eterna amante,

Independente a quem este poema se endereçar.

Das mil fotos na minha estante

nunca escolhi a quem amar.

Mesmo que a pessoa que eu ame seja o inverso do Tu.

(ou seja outro tu)

2001