Condenação

Amar é ridículo, já foi dito

Mas se trata de verbo nulo

Igualo-me nesse ridículo

Ridículo, amo e sou maduro

Quem pode o amor não querer

Se grandes nele mergulharam?

Se o amor é condição para ser

Se os ícones também amaram?

Julieta e Romeu, Helô e Abelardo

Marx e Jenny, Aleida e Guevara

John e Ono, Gandhi e Kasturbai

Vá ver: até o Prestes e a Benário

A seu modo cada um é na paixão

Grandes e invisíveis têm provado

Verdadeiro humano ama e assume

Seja Silva, Oliveira ou Machado

Pertencemos ao gênero humano

A ser gente precisamos chegar

Mas como alcançar a realização

Se o ser pleno requer o amar?

É por isso que o amor ridículo

Desdenha frieza e indiferença

Ridiculariza quem não aceita

Que amar é signo de existência

Ridículo ou não, estou convicto

Nem é possível desinvenção

Poder amar e ser amado

É minha única condenação