Ternura ácida

Deixa-me atravessar a fina camada dos teus calos,

Ultrapassar a cor verde de tuas lentes,

Para tocar te a pele oculta

E alcançar-te a pureza da retina.

Depois de ti, nada mais é vago;

O mundo todo transparece em substância fluida

Quando abres os braços

E me envolves em tua ácida ternura.

Sobretudo amo as noites em que me lanças,

Como estranhamente passa a amar a cela

O condenado que nela amargou longos anos.

Amo as lágrimas doridas,

As chibatadas de solidão sangrando-me peito,

O doce suplício que é te amar.