ESTÁTUA

Eu me contento em olhar

o seu olhar

escutar

a sua música

sem vida própria

cascalho batido pelo mar

banco de calçada em manhã de sol

de quase primavera

Contento-me em ser

dado de jogo pra lá e pra cá

ao acaso

rodopiando na mesa

enquanto você

cheiro de café invadindo minh’alma,

me acalma

copo de luar que embriaga

perfuma a noite

e a dor de ser anestesia

Deixo-me passar

areia entre seus dedos, contente

o tudo e o nada do momento

pipoca no cinema

incapaz

de um gesto a mais

que perturbe esse instante

brincando de estátua na vida

Ana Guimarães

Ana Guimarães
Enviado por Ana Guimarães em 12/11/2006
Reeditado em 12/11/2006
Código do texto: T288944