POR AMOR
Conduza-me, amor, pelos labirintos da vida...
Se eu não puder alcançá-la, dê-me de tua comida
E me darei por satisfeito por tê-la em meu peito...
Diga-me, amor, palavras que nem sei recitar,
Como misturas o bravio oceano e praias ao luar,
E consertas tão bem a quem ama que parece sem defeito...
Leva-me, amor, por tuas alamedas sem medo,
Descubra-me de meus panos rotos e faça com que o desejo
Me torne a fina faca e o macio queijo...
Lava-me, amor, de minhas impurezas de soslaio,
Ampara-me em meus delírios senão eu caio
Em bocas que nem sabem o que é um beijo...
Trate-me, amor, como a um querubim decaído
Que busca sua poção de retorno ao espírito,
Que estou abandonado entre seixos...
Busca-me, amor, nas estradas que por amar demais me perdi,
Perdoa-me se os portais da carne atravessei e nem te vi
E entre as rodas do destino meu eixo à perdas consenti.