Vertigem
Rog’ao dia, à noite, ao ano, às estações,
à hora, e’o tempo, e a terra, e’os pós, e’os céus,
e’o lugar, por ond’eu vi os olhos teus
pela primeira vez, e’os corações
qu’olharam outror’às minhas canções,
e’o sol que fugur’estes sonhos meus
adornados agora por vis breus
e esperança de chuv’em emoções,
rog’ao destino, e’os ventos, e orações
de frescas brisas, e da areia os véus
de dureza e justiça, e a lua, e à’teus
temas da’scuridade, e a essas nações
que de norte a sul tem os seus brasões,
e’os astros, e’os cometas, e’os romeus
que antes amaram, e’o ar, e’o som, e a ilhéus
corações puros, ledos, e chorões,
feitos d’austeridade, e às ilusões
que abalam-me e tonteiam apogeus
de minhas razões, e a contos de Orpheus
tão infinitos quant’às suas paixões,
e as folhas e matérias, e a’flições
de nossas verdes frondes, e’o afã, e’os réus
deste vast’ universo, e’nfim, aos teus
olhos de amor que me são inspirações...