Pessoa do singular

Depois que ele se foi, o reflexo não parecia ser o mesmo

Levou parte dela sem pedir licença ou permissão

A imagem que o espelho refletia era tudo,

Mas o todo não a contemplava, então, só restava o nada.

Que sensação estranha a solidão trouxe

Como é possível não reconhecer o próprio o rosto?

O mesmo espelho, o mesmo rosto, a mesma maquiagem, mas o reflexo é o de uma alma opaca e dilacerada.

Procura desesperadamente pelo toque que não pode mais sentir.

Pelos beijos que não estão ali... Tudo tornou-se difuso demais!

Talvez os lábios dela só fossem lábios no encontro com os dele.

Talvez seu corpo só se sentisse vivo pelo olhar que o reconhecia e o admirava.

Talvez os momentos de entrega total, ultrapassaram o limite do momento e se eternizaram.

Uma entrega eterna... Que irracional! Isso não tem devolução, imagine! - “Olá, pode devolver parte da minha alma? Do meu tempo? Dos meus amigos?” E se ele te pedir o mesmo? - Atordoada, ela refletia tal hipótese.

Não há como voltar e ponderar!

O reflexo é esse que se apresenta gostando dele ou não.

Resta o recomeço.

Recolha o que remanesceu: as partes do seu coração, os fragmentos da sua alma e chore sobre o que ficou, lamente pelo que se foi, se assim desejar, mas recomece.

Ao recomeçar aprenda a não entregar sua vida em uma bandeja e não aceite uma bandeja com vida de ninguém. Isso não é amor! É servidão!

Refaça sua imagem, resgatando velhos hábitos e criando novos: volte ao ballet, ligue para seus amigos, faça um happy hour, aprenda a surfar, volte a estudar...

Aprenda a caminhar sem ele por mais doloroso que seja não ouvir o som do par de passos que sempre a acompanhava.

Tente enxergar os detalhes que antes eram invisíveis!

Seu sorriso voltará em um momento de pura distração.

Danielle Faria
Enviado por Danielle Faria em 26/04/2011
Reeditado em 26/04/2011
Código do texto: T2931160
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