SEMPRE AO TEU LADO

De cima da árvore

Quando o olho olha o chão coberto por riscos de lesmas e taturanas

A mão que desenha os largam e some dentre as nuvens brancas

O céu espia a terra e deita anjos em sua grama verde e macia

Nunca mais roubarei beijos que cairam sobre telhados

Nunca mais amarei tão pouco e te ver rir é mel

De cima da árvore

Me finjo fruto à tua boca esculpida em teu rosto

De todas as artes a maior é a morte que rouba o passado

E inventa o futuro em tua beleza madura e serena

Nunca mais me vestirei duas vezes para teus olhos nus

Nunca mais guardarei uma lágrima siquer uma gota siquer

De cima da árvore

Todas as cidades se parecem se dormes à mesma hora

É a tua hora de sair e passear e os fazes quase diáfana

Uma oração de amor a teus pés desenha o caminho

Nunca mais sentirei estranha a vida que passa e me olha

Nunca mais porei ponto em uma frase que sei farias outra

E quando desço

Esqueço uma de minhas cabeças num canto qualquer do mundo

Assim posso te visitar sem sair de onde estou agora

Em lugar nenhum que não seja a teu lado.