Povo Lusitano

POVO LUSITANO

A vitória é paixão muito antiga

Desta insatisfeita raça humana,

Com ajuda, talvez eu consiga

Cantar algumas da gente Lusitana.

Lusitanos e seus antecedentes,

Outros há que não vale a pena,

Pois se uns foram influentes,

Outros tiveram acção pequena.

Foi, há muitos séculos passados,

Que esta grande paixão desabrochou,

Ainda de Lusos não eram chamados

E por sua ambição tudo começou.

O período de Paleolítico era chamado,

Ou a “idade da pedra lascada”,

O homem comia o que lhe era dado

Não se preocupava em semear nada.

Amaram artes mais diversificadas

Que nossa mente possa imaginar,

Algumas são, hoje, muito admiradas

E adoravam simples jogos de brincar.

Com uma técnica aperfeiçoada,

Conciliando o artístico e o agreste,

Eles matavam os animais à pedrada

E desenvolveram a arte rupestre.

Eram povos de muita origem e raça,

e verdadeiros desportistas se revelaram,

além da técnica da pesca e da caça

ainda a corrida em marcha nos legaram.

Posteriormente saltaram o fosso,

Como se de uma prova se tratasse,

As armas de pedra viraram osso,

Até que a era dos metais chegasse.

Como o resultado de qualquer jogo,

Ou mero acaso de simples brincadeira,

Eles descobriram a maravilha do fogo,

Que os fez viver a vida de outra maneira.

Ambiciosos e determinados como eram,

Novas vitórias a si mesmos exigiram,

Assim, novas experiências que fizeram

E a riqueza da agricultura, descobriram.

A era do Neolítico, seria de fulgor.

Deixara-se a fase do paleolítico,

inferior, médio e superior,

e passara-se a época do Mesolítico.

A técnica agrícola era desgastante,

A tomar novas opções, os obrigou,

Diminuíram os movimentos constantes,

E a vida, nómada, em sedentária virou.

O sedentarismo despertou necessidades,

Até então, totalmente, ignoradas,

Mas eles ultrapassam todas as dificuldades

E, as artes cerâmicas são inventadas.

Monumentos funerários são construídos,

Para os ente queridos preservar,

Por Antas e Dólmens ficarão conhecidos,

E ainda hoje, alguns podemos admirar.

Outra forma de arte muito querida

É a da domesticação de animais.

E quando a técnica do tear é conhecida,

As opções de vestuário são muitas mais.

Alternam as peles com o linho e a lã

E, querendo avançar sempre mais,

Começam a construir um novo amanhã,

Quando iniciam a fundição dos metais.

Atraídos pelas imensas ofertas

Que na península lhe são proporcionadas,

Chegam muitos e diversos atletas

À conquista destas terras abençoadas.

De África vieram os primeiros atletas,

Por Iberos eles eram conhecidos,

Chegando depois, da Europa, os Celtas,

Por Gregos e Fenícios antecedidos.

Os Gregos deixam algo muito especial,

Ainda hoje faz o nosso encantamento,

É a sua arte, tem uma beleza tal

Que parece criada para ornar o pensamento.

Pensamento onde entra a democracia,

Lembremos Sócrates; Aristóteles; Platão,

Primeiros grandes mestres da Filosofia

Que fizeram da Grécia a grande civilização.

De entre o que os Fenícios deixaram

Há algo que nunca poderemos esquecer,

Pois sem os caracteres que nos legaram,

Estas linhas, seria impossível escrever.

Sendo o território da futura Lusa nação

Banhado por costa marítima tão bela

Não admira a primeira e grande paixão,

Desses povos, fosse a prática da vela.

Além de serem exímios velejadores

Eram também imbatíveis comerciantes,

Os Fenícios foram os fundadores

De Cartago, povo de óptimos navegantes.

Os Cartagineses, com bons treinadores,

Na história fizeram questão de ficar,

Tornaram-se excelentes remadores,

Para a força do vento, nas velas, auxiliar.

Celtas e Iberos decidiram-se aliar,

Foi o povo Celtibero a surgir,

Só que eles não podiam imaginar

Que em tribos se iriam dividir.

As tribos no cimo dos montes habitavam,

Por causa das guerrilhas de muitos anos,

De entre todas que os Celtiberos formavam

Uma se salientava, era a dos Lusitanos.

Era comandada por antigo pastor,

Homem robusto e corajosos, Viriato,

Que enfrentaria o novo invasor,

Os Romanos. Seria vítima de vil acto.

Não conseguindo, o pastor, vencer

Eles resolveram inventar a corrupção,

Foram três amigos, triste de saber,

Quem o mataria, uma baixa traição.

Dois séculos de luta, vencidos os Lusitanos,

A península Ibérica é integrada

No imenso e poderoso império dos Romanos.

A vida da população é radicalmente alterada.

Ano 70 A.C. um poeta Latino nascia,

Foi em Andes e Virgílio se chamava,

Eneida foi a obra que o imortalizaria,

Enquanto o Império Romano dominava.

O domínio Romano foi-se acentuando

Do sul para norte, mais fácil resistir,

E a vida das gentes foi-se adaptando

Às leis do senhor a quem tinham de servir.

Um dos sectores mais influenciado

Foi o da agricultura, o outro o da economia,

O solo passou a ser melhor aproveitado

Com culturas que até aí se desconhecia.

O Latim foi adoptado como língua oficial

De todos os territórios ocupados,

É feita uma divisão administrativa judicial

E os aglomerados populacionais alterados.

Importantes centros urbanos criados,

Extensa rede rodoviária liga os centros,

Desenvolve-se a olaria, surgem feiras e mercados,

É a Romanização, até nos monumentos.

O império Romano quase meio mundo domina,

Mas a alguns a ideia não os seduz,

E lá longe, numa terra chama Palestina,

Um homem desafia o poderio Romano. Jesus.

Apregoando um só Deus e nova religião,

Pelo mundo a sua palavra vai espalhando,

Os Romanos tentam controlar a situação

E percebem que só calarão, Matando-o.

Tudo o que representara e fizera

Granjeou-lhe imensos admiradores,

O seu nascimento ditou uma nova era

E a sua doutrina congregou seguidores.

Após cerca de oito séculos a mandar,

Os Romanos, vêm chegar novos senhores.

Suevos, Germânia, os primeiros a chegar,

Foram do reino da Galécia os fundadores.

Este reino quinhentos anos durou,

Até que pelo reino Visigodo foi anexado,

povo Bárbaro que o Cristianismo abraçou,

depois de a península Ibérica ter unificado.

O reino durou perto de duzentos anos,

Acabou por não resistir a nova invasão,

Chegavam novos senhores, os Muçulmanos,

Que adoravam a Alá e liam no Corão.

Há muito sonhavam dominar esta região,

Mas sua presença não era bem vista.

Nas Astúrias nasce movimento Cristão

Que os enfrenta e luta pela reconquista.

Os Mouros, como eram denominados,

Tinham exército organizado e poderoso,

Pelo que os Cristãos se viram obrigados

A encetar processo de reconquista moroso.

Durante a permanência nesta parte do mundo

Introduziram os seus usos tradicionais,

Produzindo um alterar significativo e profundo

No modo de viver e sentir das gentes locais.

Intervieram em vários campos: arquitectura;

Literatura, com lendas de encantar; poesia.

Revolucionaram as técnicas da agricultura,

Da medicina; da matemática e da astronomia.

Na agricultura resolveram problemas de outrora,

Relacionados com a técnica da irrigação,

Introduziram o açude; a levada; a azenha e a nora.

Sem dúvidas, uma grande contribuição.

Na indústria desenvolveram as artes do couro;

Da cerâmica; da seda e ainda da vidraria,

E, fazendo jus ao ditado “trabalhar como um mouro”

A arte, grande, atenção lhes mereceria.

Corrigiram problemas de longos anos,

Introduziram o zero na numeração,

Algo que faltava na numeração dos Romanos,

E que complicava toda a aritmética operação.

No que diz respeito à arquitectura,

A representação humana é proibida pelo Corão,

Eles utilizavam o arco em ferradura

E motivos geométricos, arabescos, como decoração.

Quem resistia era o movimento Cristão,

Que não abdicava do seu religioso ideal,

Formara os reinos de Leão; Castela; Aragão

E Navarra. Pouco até à reconquista total.

Afonso VI, rei de Leão, pede ajuda a França,

Vêm nobres Cristãos nas usuais cruzadas,

São importantes no ganhar de confiança,

Trata-se de bons executantes do jogo das espadas.

Dois desses nobres e afamados cruzados

Eram condes e primos, D. Henrique e D. Raimundo,

Depois, além de primos, ficaram cunhados,

O primeiro ficou a dever vassalagem ao segundo.

D. Henrique casa com Dona Teresa,

D. Raimundo torna-se no herdeiro real,

Aquele recebe terras da origem Portuguesa,

Seria pai do primeiro rei de Portugal.

D. Henrique não ficou contente,

Por aquela vassalagem ter de lhe prestar,

Assim, num território independente,

Ele começou, persistentemente, a pensar.

Volta de mil cento e doze, a morte o atraiçoou,

Sem ter tornado o condado independente,

D. Teresa o governo do condado assegurou,

Provocando a ira de muita da sua gente.

D. Teresa abandona os ideais do marido

E ao lado dos nobres Galegos se foi colocar,

Revoltando o próprio filho, que seria escolhido

Para a revolta, contra sua mãe, chefiar.

Um dos primeiros obstáculos enfrentados

originou uma grande lenda do país,

fala dos valores morais que foram resgatados,

junto do rei de Leão e Castela, pelo aio Egas Moniz.

Dia a lenda, é parte da história Portuguesa,

Que o príncipe, em Guimarães cercado,

Prometeu lealdade à Hispânica realeza,

Se aquele cerco fosse levantado.

Como tal promessa, o príncipe, não respeitasse,

Terá o seu leal aio, com todos os seus,

ido ao encontro do rei de Leão, para que o julgasse,

este, admira-o e manda-o na paz de Deus.

Afonso Henriques, tem ideais e ninguém o impede

De pela sua concretização batalhar,

Primeiro vence sua mãe, batalha de S. Mamede,

E depois, seu primo Afonso VII, vai desafiar.

Queria tornar o condado independente,

Mas isso só não era o bastante,

Envolveu-se noutra guerra, outra frente,

Os Mouros, por um território mais possante.

Aproveitando uma trégua com o rei de Leão,

1135, funda o castelo de Leiria,

mas ao envolver-se com o primo em discussão,

para os Mouros, aquela cidade perdia.

O seu, grande, espírito de estratega militar

Leva-o, antes que tudo se complique,

A nova trégua com o primo consertar,

E vence os Mouros na batalha de Ourique.

Batalha coberta de dúvidas e incertezas,

Dando origem a lendas, anos mais tarde,

Invocadas quando as cores Portuguesas

Corressem o risco de perder a liberdade.

Foram batalhas longamente disputadas,

Só depois de vencida a de Arcos de Valdevez,

As condições de independência foram acertadas,

só reconhecidas em mil cento quarenta e três.

É verdade, com dois anos de demora

O rei de Leão e Castela dava-se por vencido,

E, numa conferência realizada em Zamora,

D. Afonso Henriques obtém o pretendido.

Prossegue a sua, triunfante, caminhada,

Mil cento quarenta e sete conquista Santarém,

Depois é a vez de Lisboa ser conquistada,

É Outubro de quarenta e sete também.

A conquista da cidade, hoje a Capital,

Sucedeu a um enorme cerco montado

Em seu redor. A mesquita vira Sé Catedral.

Pelos cruzados foi o nosso rei ajudado.

A tomada desta importante cidade do país

Está associada a uma história por confirmar,

Diz-se que um nobre, de nome Martin Moniz,

Se entalou na porta, para o exército entrar.

Após todas estas conquistas efectuar,

O rei preocupa-se com o povoamento,

A igreja Portuguesa prontifica-se a ajudar

Para a Santa Sé lhe dar o reconhecimento.

Morre Afonso VII. Fernando II a reinar,

Hesita mas reconhece o reino de Portugal.

D. Afonso Henriques não desiste de lutar

Pelo desejo de alargar o território nacional.

A fronteira meridional de território é o Tejo,

Mas o rei de Leão mostra-se preocupado,

Um guerreiro Luso conquista no Alentejo

Terras onde ele sempre tinha reinado.

Geraldo, se chama esse tal de guerreiro,

Em Badajoz da ajuda do rei precisou,

Corre mal, o nosso rei é feito prisioneiro,

Além de que uma perna fracturou.

Negoceia com o rei de Leão,

Até que consiga ser libertado.

As condições para a sua libertação

Impõem devolver território conquistado.

Esta Ibérica confrontação

Os Mouros, em Santarém o cercaram,

Vale a D. Afonso Henriques o Rei de Leão,

Tréguas com os Muçulmanos assinaram.

Mil cento setenta e nove, Portugal

É reconhecido como território independente,

E D. Afonso Henriques, através de bula papal,

Alexandre III, torna-se rei da Lusa gente.

A igreja de Santa Cruz manda construir,

Tem uma obra-prima da renascença,

O pequeno púlpito, onde podemos distinguir

Figuras de sibilas; profetas e doutores da igreja.

D. Afonso Henriques teve reinado de esplendor,

Cinquenta e sete anos de conquistas preciosas,

Mil e cento e oitenta e cinco, morre o Conquistador.

Ficou, eternamente grato às ordens religiosas.

O seu sucessor estava, há muito, encontrado,

Era seu filho legitimo, D. Sancho primeiro,

Pois o outro, Pedro Afonso, era filho bastardo,

Não sendo, por isso, seu legitimo herdeiro.

D. Sancho I tem só doze anos de idade

Quando faz a sua estreia militar,

Resultou num autêntico fracasso, é verdade,

Mas serviu para grande lição tirar.

Cidade Rodrigo foi o alva da expedição,

Contra o rei de Leão, Fernando segundo,

Os ensinamentos retirados da lição

foram armas para encarar o mundo.

Armado cavaleiro em mil cento setenta

Ajuda o pai, debilitado desde Badajoz, a reinar,

ao subir ao trono, por uma vertente se orienta,

o povoamento do território, e começa a actuar.

Desenvolve instituições municipais,

Concedendo aos concelhos fronteiriços

Grandes regalias, atribui novos forais

E dá, às ordens religiosas, muitas benfeitorias.

Em mil cento e oitenta e nove,

Aproveitando a passagem dos cruzados,

Há um novo objectivo que o move,

Conquistar territórios ao sul situados.

O castelo de Alvor o primeiro conquistado,

um cerco quarenta e três dias iria durar

até a cidade de Silves passar para o seu lado.

Rei de Portugal e Algarves se passa a intitular.

Nesta última conquista ajuda-o o meio-irmão,

D. Sancho dá-lhe o cargo de alcaide de Seia.

Perde Silves, desafia o rei de Castela e Leão,

E furtar-se ao pagamento à Santa Sé, planeia.

O Papa determina a sua excomunhão,

ás portas da morte aceita as exigências Papais,

no seu reinado, o ouro sofre amoedação,

e há Portugueses em universidades internacionais.

Foi enquanto D. Sancho I reinava

Que chegou a Portugal, Vila de Alpedriz,

A ordem religiosa de Calatrava.

Que foi a precursora da ordem de Avis.

Baptizado com o cognome de “Povoador”

Reinou vinte e seis anos em Portugal,

Foi um rei destemido e batalhador

E acumulou um valoroso tesouro real.

Coimbra recebia os seus restos mortais,

Está na igreja de Stª Cruz sepultado,

Deixando a seu filho os destinos nacionais.

D. Afonso II não seria grande soldado.

Compreendendo a falta de vocação militar,

Optou por modernizar a função de estado,

Primeiro passo, cortes de Coimbra convocar,

Nunca outro tinha cortes convocado.

Das primeiras leis Portuguesas é autor,

Direito civil e propriedade privada

Os assuntos que tratam em pormenor,

Também a inquirição é instalada.

Visava reprimir abusos dos privilegiados,

O rei, nem às irmãs facilidades dava,

Mas grandes benefícios seriam dados,

Vila Alentejana de Avis, à ordem de Calatrava.

Durante doze anos reinou em Portugal,

Casado com D. Urraca, infanta de Castela,

Seu maior feito, conquistar Alcácer do Sal.

O seu testamento foi uma obra singela.

Este denotava toda a sua preocupação,

Resguardar de qualquer situação anormal

O comando dos destinos da Lusa nação,

Determinando qual a hierarquia sequencial.

pelo cognome de “O Gordo” conhecido

deixou seu filho D. Sancho II como sucessor,

o seu testamento faz ainda mais sentido

se atentar-mos que o herdeiro era ainda menor.

Iniciou-se então nova forma de reinar,

A menoridade do rei fez a necessidade

De serem alguns ricos-homens a mandar,

Tomaram medidas de grande utilidade.

As relações entre a Santa Sé e Portugal

Foram uma das suas preocupações,

Talvez não fosse preocupação real

Pois nunca foi muito além de intenções.

Resolve as desavenças com as tias,

Conseguindo uma pátria unificada.

Estavam traçadas as principais guias

De uma governação bem programada.

Seu primo, Afonso IX, rei de Leão

Andava, com os Mouros, ocupado,

D. Sancho, aproveita a situação

E tenta trazer o Alentejo para o seu lado.

A conquista,Treze anos duraria,

Pela ordem de Santiago foi ajudada,

D. Sancho II bem os recompensaria,

Era costume recompensar a ajuda prestada.

Esta revelada a sua linha de actuação,

Dedicar-se à administração territorial,

Concede novos forais, tinha grande visão,

iniciando nova fase de expansão nacional.

Mas a guerra deixou feridas abertas,

O desleixe tomou conta da administração,

Não se tomavam as medidas certas

E começou a crescer a contestação.

Enquanto o desleixe se vai acentuando

Vive-se a prepotência de alguma nobreza,

O clero na vida politica se vai insinuando

Transmitindo indícios de real fraqueza.

O clero queixa-se do nobre abuso,

E a situação, insuportável se tornou,

O bispo do Porto resolve fazer uso

Da influência junto do Papa. Resultou.

Foi o nosso rei admoestado,

E logo outro bispo se foi queixar,

De Lisboa era Bispo o visado,

As coisas estavam-se a complicar.

Em mil duzentos trinta e oito

Entra em cena um novo queixoso

É o novo Bispo do Porto,

E nova admoestação do supremo religioso.

O Bispo de Salamanca resolve intervir,

Lança-lhe um interdito, logo confirmado,

D. Sancho II sente o domínio a fugir

E é por intrigas de seu irmão confrontado.

Era a pura guerra pelo poder,

D. Afonso III aproveitava o momento

enquanto outros vão a correr

narrar a desordem e o descontentamento.

Prelados e nobres vão ao concilio de Latrão

Alertar para uma desordem nacional.

O Papa, através de bula, sugere a ascensão

De D. Afonso III ao trono de Portugal.

O seu sonho de vir a governar o país

Está prestes a ser concretizado.

Respeitar a ordem religiosa jura em Paris,

Tinha de o fazer para ser coroado.

Mil duzentos quarenta e cinco, ou seis,

Vem de Bolonha e vence o seu irmão,

Este desempossado das regalias dos Reis

Vai para Toledo, admitindo a resignação.

O rei Capelo, em Lisboa, foi derrotado

Depois de vinte e dois anos a reinar,

Com Dona Mécia Lopes era casado

E pouco tempo depois iria a enterrar.

D. Afonso III tornou-se o V rei Português,

Trazendo uma novidade à realeza,

Casou-se, divorciou-se e casou outra vez,

Mas nenhuma das duas era Portuguesa.

O novo rei vinha muito bem titulado,

Visitador, curador e defensor de Portugal.

Com Dona Matilde estava casado,

Era condessa de Bolonha, tudo gente real.

Era grande a Lusitana esperança

depositada no novo senhor de Portugal.

Fizera na corte de Luís IX de França

A construção da sua formação pessoal.

No plano militar o facto digno de reparo

foi a conquista da província algarvia.

MCCXLIX dá-se a conquista de Faro,

uma ajuda primordial importância teria.

Sem a ajuda das ordens seria complicado,

Mas assim tudo acabou em beleza

E o território Algarvio, tão desejado,

Passava a ser terra da coroa Portuguesa.

Esta conquista contudo conduziria

A graves crises com o reino de Castela,

Situação que D. Afonso III resolveria

conquistando Dona Beatriz e casando com ela.

Era filha ilegítima do monarca Castelhano,

Afonso X. O rei Português era casado

E por isso teve de arranjar um bom plano

Para conseguir ver-se homem divorciado.

Sua esposa era estéril, ao Papa foi dizer,

Este, que até gostava do rei de Portugal,

Prontificou-se a, o casamento desfazer

E reconhecer a nova cerimónia nupcial.

Mas o conflito com a coroa Castelhana

Só se resolveria com o tratado de Badajoz,

MCCLXVII, onde o rio Guadiana

Foi eleito como fronteira desde o Caia até à foz.

D. Afonso III reuniu cortes em Leiria,

MCCLIV, onde, pela primeira vez

Participou uma representação concelhia.

Era o evoluir do próspero reino Português.

MCCLXXI, outras cortes se realizaram,

Estas em Coimbra, que, por outras razões,

Também na Lusa história entraram,

Aí foram concedidas especiais autorizações.

Moeda fraca podia, agora ser cunhada,

Significava um grande passo em frente.

D. Afonso III enfrentou a classe privilegiada

E tomou medidas a favor da pobre gente.

Sentiram-se reacções, o clero não gostou,

Mas o rei manteve-se intransigente,

Só em MCCLXXIX é que ele abdicou,

E foi por sentir que a morte estava iminente.

Em Fevereiro, a morte chegava,

Deixou obra digna de se orgulhar,

o reino de Portugal caminhava

para, a nível mundial, se destacar.

D. Afonso III foi 35 anos rei Português,

Passou a sua juventude em Paris,

Ficou na história como o rei Bolonhês

E deixou como sucessor seu filho, D. Dinis.

Quando chegou o momento de reinar,

D. Dinis foi alvo de alguma contestação,

O Infante D. Afonso teve de enfrentar,

Tratava-se de um seu meio-irmão.

D. Afonso, mesmo sendo filho bastardo,

Apresentava-se como legitimo sucessor.

Entraram em guerra e este saíu derrotado,

Percebendo que fugir seria o melhor.

O destino escolhido foi o reino de Castela,

Na altura em conflitos com o rei Português,

Este iria escrever uma página longa e bela

Na história de Portugal. Fê-lo com sensatez.

O seu reinado um dos que mais durou,

Quarenta e seis mais precisamente,

Durante os quais graves crises enfrentou,

Saindo-se deles muito airosamente.

Isabel de Aragão foi a esposa escolhida,

Era ainda uma menina, uma criança,

El- Rei viu no casamento uma saída

Para estabelecer a paz e a confiança.

O casamento foi alvo de longa negociação,

A princesa tinha doze anos somente,

Realizou-se em Barcelona, por procuração,

Como as coisas eram diferentes antigamente.

Aragão era importante potência internacional,

O que pode revelar a astúcia do Rei D. Dinis,

Conquistava uma forte aliança para Portugal

E ainda dava uma Rainha Santa ao nosso país.

O país já não vivia problemas de expansão,

mas viviam-se privilégios exagerados,

D. Dinis entendeu por bem tomar a decisão

De os combater e os manter controlados.

A si deveria ser dirigida toda a apelação,

O clero também se viu atingido,

Não poderiam fazer qualquer aquisição

De bens de raiz, ficou muito sentido.

Mas não foi um reinado só de proibição,

D. Dinis tentava reinar de forma equilibrada.

A ordem de San'Tiago queria a separação

Do mestre Castelhano, foi pelo rei apoiada.

Outra ordem viu o seu nome mudar,

Era dos Templários e de Cristo passou a ser,

D. Dinis percebeu que tinha de actuar

Para não deixar esta ordem morrer.

A protecção à Igreja não foi esquecida

E quando entrou em guerra com Castela,

MCCXCV, fê-lo com a estratégia definida

de estabilizar fronteiras numa dada parcela.

Dois anos, o tempo que esta guerra durou,

Acabando num acordo com os Castelhanos,

Tratado que em Alcanizes se assinou

E que satisfazia os interesses dos Lusitanos.

Paz durante quarenta anos, uma das directrizes,

E estabelecia o estímulo da amizade

E da ajuda, entre os povos dos dois países,

Para que as novas fronteiras fossem realidade.

As feiras francas foram desenvolvidas,

Como resultado dos privilégios e isenções

Que a várias povoações foram concedidas.

E deu vital importância às exportações.

Flandres; Inglaterra e França, os destinos.

Instituiu a marinha Portuguesa em definitivo,

Os navios Portugueses tocavam os sinos

Nos grandes mares. Portugal estava vivo.

Os excedentes começaram a ser exportados,

Mel; vinho; cortiça; azeite; peixe e sal

São alguns dos produtos ali comercializados,

Constituindo fonte de rendimento nacional.

Os comerciantes Portugueses no estrangeiro

Mereceram medidas de protecção,

Surgindo no Porto um movimento pioneiro

Que levou os mercadores a uma associação.

Tratava-se de uma bolsa de seguros,

Seria aprovada por El-Rei de Portugal,

MCCXCIII, e tinha regulamentos duros,

para evitar fugas ao cumprimento legal.

As cotizações faziam-se em Portugal

E na Flandres, tudo em partes iguais.

A multa era a penalização oficial

Para o incumprimento das disposições legais.

O objectivo era proteger os mercadores

Dos danos, fossem eles uma causa natural

Ou o resultado do ataque de salteadores,

Tanto no estrangeiro como em Portugal.

MCCCVIII, El –Rei acorda com Inglaterra

Incrementar o comércio entre as duas nações,

Mas também o estimulo pelo cultivo da terra,

Como mais valia, é alvo das reais atenções.

Na zonas de Entre- Douro e Minho

Começa por fazer a divisão em casais,

Depois resolve prosseguir caminho

E divide-as em povoações. Um avanço mais.

Em Trás-os-Montes a divisão é colectivista,

Entrega as terras a grupos de cidadãos,

D. Dinis era um monarca com larga vista,

o futuro do país não morria nas suas mãos.

Alguns serviços tornaram-se comunitários,

Para cada região um tipo de povoamento,

Por exemplo na Estremadura foram vários,

Bem como as distintas formas de pagamento.

A parceria foi uma das formas adoptada,

Tal como o tributo pago em cereais,

Era conhecido como o imposto da jugada,

Visto ser proporcional ao número de animais.

Os jugos eram as juntas de bois utilizadas

Na agricultura, daí a denominação.

Estas medidas revelaram-se acertadas

Para o desenvolvimento da agricultura e da nação.

D. Dinis justificou o cognome de “O Lavrador”,

Mas também no campo da cultura

El- Rei se revelaria um grande dinamizador,

Introduzindo medidas de radical ruptura.

A língua Portuguesa ganhou a exclusividade,

Em documentos oficiais, era a afirmação nacional.

MCCXC, é fundada, em Lisboa, uma Universidade,

Na altura foi denominada de Estudo Geral.

Era muito vasta a matéria aí ministrada,

Artes; Direito civil e canónico e área medicinal.

D. Dinis era homem de visão alargada

E mandou traduzir obras de importância vital.

Rodeou-se de homens bastante cultos e letrados

Para levar a sua caminhada de vencida.

Deixou-nos poemas por si escritos e rimados,

Fruto da sua forma culta de encarar a vida.

Não teve um reinado calmo e sossegado,

Aliava a governação ao desenvolvimento do país,

E ainda se viu, pelo seu filho, ser contestado,

Valendo-lhe a rainha Stª Isabel para um final feliz.

A rainha, que como Santa ficaria conhecida,

Teve grande influência junto do marido,

Ela que fora uma noiva muito pretendida

Nunca deu qualquer sinal de se ter arrependido.

Eduardo I de Inglaterra, um dos que a cortejaria

E Roberto de Anjou um outro candidato,

Mas a neta de Jaime I, Rainha de Portugal se tornaria

E brevemente o povo Português tinha conquistado.

O casamento real de um contrato foi precedido,

Contrato esse elaborado segundo o direito Romano,

O que nunca, em Portugal, tinha acontecido

E que estipulava o dote a dar pelo rei Lusitano.

Mil trezentos vinte cinco viu morrer

O “Rei-Poeta”, também denominado

De o “Trovador”. Foi o desaparecer

De um Rei que deixou grande legado.

Rei morto, rei posto, lá diz o ditado,

Logo que morreu El-Rei D. Dinis

Já seu filho Afonso estava preparado

Para assumir os comandos do país.

D. Dinis preferia um outro sucessor,

D. Afonso Sanches, seu filho bastardo,

Mas o futuro rei defendeu-se com ardor

E como Afonso IV se viu consagrado.

Assim que assumiu a coroa Portuguesa,

Tratou logo de mandar exilar o meio-irmão,

Mas mandou-o numa grande pobreza,

Era a paga pela ousadia de tentar a traição.

O exilado não aceitou de bom grado,

Seu irmão tirara-lhe títulos, terras

E tudo o mais que seu pai lhe tinha dado.

Desde Castela orquestrou algumas guerras.

Pensou invadir Portugal e fazer-se Rei,

A Rainha Santa Isabel foi forçada a intervir,

O filho a respeitava, sua palavra era lei.

E o enteado não teve mais como fugir.

Aquilo é que foram abraços de Paz,

Provavelmente uma Paz tão falsa e podre

Que ainda hoje por cá alguém a traz,

Tentando governar-se como sabe e pode.

D. Afonso IV casou com a Princesa Beatriz,

Filha do Rei Sancho IV de Castela,

União que se revelou importante para o país,

Além de se tratar de uma princesa muito bela.

A primogénita desta união, Maria de Portugal,

Com o Rei Afonso XI de Castela se casaria,

Sabendo que o genro tratava a filha mal,

D. Afonso IV em novas guerras se meteria.

Quatro anos duraram, seria Maria de Portugal

A promover a assinatura da Paz, 1339 Sevilha.

Nesta época eram prática corrente e normal,

Em dois povos onde o sangue tanto fervilha.

No ano de 1340 tropas combateram lado a lado,

Contra o Rei de Fez e Marrocos e Emir de Granada,

Participando na grande vitória da Batalha do Salado,

Episódio onde D. Afonso IV deixou marca gravada.

Afonso XI de Castela viu sua frota destroçada,

Não tendo alternativa que não fosse se humilhar,

Pedindo a Maria de Portugal, esposa mal-tratada

Que intercedesse junto de seu pai para o ir ajudar.

D. Afonso IV aproveitou a oportunidade,

Mandou um bem explícito recado

Ao seu genro “ se queres ajuda de verdade,

Tens de ser tu a pedir.” Disse-o ao enviado.

Afonso XI de Castela não tinha opção,

Teve de repetir, por carta, pessoalmente,

Ao sogro para que não dissesse que não,

Até o Papa já o censurava asperamente.

D. Afonso IV envia-lhe então uma frota,

Comandada por um Almirante Genovês,

Mas parecia nada impedir a derrota,

Tal a supremacia da força do Rei de Fez.

Afonso XI não tinha qualquer alternativa,

Implorou junto da esposa, Maria de Portugal,

Que solicitasse, de forma bem expressiva,

A ajuda de seu pai, mas uma ajuda pessoal.

D. Afonso IV não recusou tal pedido,

Aceitava ao lado do genro lutar.

D. Maria deu a boa nova ao marido,

Que até a fora, a Juromenha, esperar.

D. Afonso IV começou a tomar decisões,

Reuniu-se com D.Martim Peres de Soveral,

Cavaleiro de Avelar, e toca a reunir peões.

Estava em causa a honra de Portugal.

Cavaleiros e peões foram aumentado

Ao longo de todo o difícil caminho,

D. Afonso IV era quem ia ao comando,

O próprio genro o recebeu com carinho.

O rei Português, acompanhado da filha,

Entrou por Castela, recebido honrosamente,

Dirigindo-se depois para Sevilha,

Onde sogro e genro ficaram frente a frente.

Estratégia, entre ambos, delineada

Marcharam oito dias até Pena Del Ciervo,

D. Afonso IV combatia o rei de Granada

Rei de Castela enfrentava restante acervo.

Assustava o extenso arraial Muçulmano,

A cavalaria Castelhana iniciou a peleja,

Noutro ponto, o intrépido exercito Lusitano,

Não teria a vitória servida numa bandeja.

Eis que surge a bravura de D. Afonso IV,

Não dá tréguas ao exército inimigo,

A vitória das forças Cristãs é um facto.

Nunca temendo enfrentar o perigo.

Ficaram os despojos de prata e ouro

À mercê de tão bravo vencedor.

Afonso XI, grato pelo desaire Mouro,

Pediu ao sogro que escolhesse do melhor.

El- Rei de Portugal, gesto pouco vulgar,

Só depois de muito, pelo genro, instado,

Escolheu uma Cimitarra digna de admirar,

Tal valor, pedras preciosas, em si cravado.

Escolheu também um dos prisioneiros,

Sobrinho de Abul-Hassan, rei de Marrocos

E Fez, não era tesouro dos verdadeiros,

Mas que podia valer como muito poucos.

Realmente importante esta vitória,

Principalmente entre o mundo Cristão,

Desde Carlos Martel não havia memória

De tão grande entusiasmo e satisfação.

Afonso XI resolveu tirar proveito

Enviando ao Papa Benedito doze,

Pomposa embaixada de riqueza e efeito.

O Papa olvidou, Afonso IV zangou-se.

Adivinhavam-se outros desafios mais,

Ano de mil trezentos e quarenta e três,

Vive-se o drama da carestia dos cereais,

Nada que possa derrotar o rei Português.

O embaixador Martim Esteves Avelar

Vai para Barcelona em negociação,

Intuito assinar acordo com vista a casar

A Infanta D. Leonor e Pedro IV de Aragão.

Mil trezentos quarenta sete novo desafio.

Agora é a terra, em Coimbra, que treme.

Um ano mais tarde a peste faz um razio,

El-Rei D. Afonso IV respeita-a, não a teme.

Peste negra, problema de séria gravidade,

Vitimou grande parte da população,

O monarca proíbe o ócio e mendicidade,

Promulgando especifica legislação.

Assiste a conflituoso final de reinado,

A guerra civil entre Pedro I de Castela

E o seu meio-irmão, trouxe muito exilado.

Começou a emergir a intriga e querela.

O pior momento estava para chegar,

D. Afonso IV viu os exilados Castelhanos

Começarem a movimentar-se e a aproveitar

A paixão do futuro rei dos Lusitanos.

El-Rei de Portugal, “O Bravo” sentiu medo,

Aquele amor não era bom para o país,

Tentou afastar Inês de Castro de D. Pedro,

O Infante assumiu o amor, ela fazia-o feliz.

D. Fernando, filho legitimo de D. Pedro,

Casamento com D. Constança de Castela,

Crescia doente, então, tudo em segredo,

D. Afonso IV resolve acabar com ela.

El –Rei temia pelo futuro de Portugal,

D. Pedro assumira os filhos da amante,

O Infante sofreu com a morte, reagiu mal,

Dali à guerra com o pai, foi um instante.

A reconciliação chegou já no final

Do reinado de D. Afonso, “O Bravo”.

D. Pedro assumiu o trono de Portugal

E a vingança iria ganhar um novo travo.

D. Afonso IV foi rei deveras importante,

Contribuições administrativas foram várias,

Subsidiou construção da marinha mercante,

No seu reinado descobriram-se as Canárias.

Portugal aclama o novo rei, D. Pedro I,

Que ficaria conhecido na Lusa história

Sob o cognome do “Cruel” ou “Justiceiro”,

Justiça de que igual não temos memória.

Inês de Castro, aia galega da sua mulher,

Conquistaria o amor do coração real,

D. Pedro afirma nenhuma outra querer,

Depois de morta, fá-la Rainha de Portugal.

Com os assassinos não terá contemplação,

Seu desejo de vingança é deveras forte,

A dois fá-los sofrer, arranca-lhe o coração,

A morte só pode ser vingada com a morte.

Terá mandado, segundo reza a tradição,

Desenterrar o corpo da mulher amada,

Depois obrigado os nobres ao beija-mão,

Anunciando que D. Inês estava coroada.

D. Pedro mandou construir, de seguida,

Dois túmulos, obra de escultura gótica,

Para, dia do juízo final, o amor ganhar vida,

Mosteiro de Alcobaça, a arena erótica.

D. Pedro foi um bom administrador,

Não hesitando em defender Portugal,

Mesmo quando seu grande opositor

Era a fortíssima influência Papal.

Promulgou famoso Beneplácito Régio,

Documentos eclesiásticos viam a circulação

Ficar dependente de consentimento prévio.

Aos mais desfavorecidos deu protecção.

Ajudou Aragão na invasão de Castela.

Seu reinado prolongou-se por dez anos,

Portugal nunca vira governação tão bela,

Diziam as gentes, uns românticos os Lusitanos.

Jaz no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça,

Deixando seu filho Fernando como sucessor.

Hoje, quando já tanto tempo passa,

Ainda protagoniza da mais linda história de amor.

D. Fernando I, filho legitimo de D. Pedro I,

Torna-se no nono rei de Portugal,

No seu reinado as guerras no estrangeiro,

Foram uma constante, logo na parte inicial.

Era bisneto materno de Sancho IV de Castela,

Pedro I de Castela deixa a coroa sem sucessor

D. Fernando I pensa ter direito a ela.

Mas Aragão e Navarra resolveram-se opôr.

Entretanto um outro se declara rei,

D. Henrique da Trastâmara, irmão bastardo

Do rei falecido. As armas faziam a lei,

As guerras sucediam-se por todo o lado.

Campanhas militares sem qualquer sucesso,

O Papa Gregório XI ofereceu a mediação,

Conversações que acabaram por ter um preço,

Portugal e Castela acordaram em nova união.

D. Fernando é prometido a Infanta de Castela,

A filha de D. Henrique de Castela, D. Leonor,

Mas o rei Português não gostava dela,

Acabando por se entregar a um outro amor.

Apaixona-se por D. Leonor Teles de Meneses,

Mulher casada com um seu cortesão.

Vem de longe a fama de que os Portugueses,

Só fazem o que lhes manda o coração.

Rei que é rei, tem o poder de mandar,

Assim anule-se o casamento anterior,

Para que El-Rei D-. Fernando possa casar

Com aquela que é seu verdadeiro amor.

Quinze de Maio de mil trezentos setenta e dois,

Leça do Bailio, há casamento real,

Teme o povo, o que possa vir depois,

Esta mulher é ameaça à independência nacional.

Triunfava assim estranho noivado,

Terminando também a guerra com Castela,

O tempo agora poderia ser dedicado

Á administração desta terra tão bela.

D. Fernando I mandou construir, e reparar,

Castelos e muralhas, Lisboa e Porto.

A defesa era importante, nada a descurar,

A guerra podia voltar dum momento ao outro.

Promulgou a célebre lei das Sesmarias,

Impedia o pousio das terras de agricultura.

Ah D. Fernando, que falta cá fazias

Nesta tão dramática e ociosa altura.

D. Fernando I promoveu relações comerciais,

A marinha, viu nascer companhia das Naus,

Todos os navios pagavam taxas fiscais,

Para suportar custos dos momentos maus.

Funcionava como que um seguro naval,

Representava uma pequena percentagem,

Mais uma inovação Lusa a nível Mundial,

Dos lucros obtidos em cada viagem.

Terminadas as guerras com Castela

Ficou decidido que D. Beatriz de Portugal

Casaria com o rei Castelhano, pobre dela

Que viu o povo Português reagir muito mal.

Casamento que podia significar anexação,

O povo Português não o iria consentir,

Morto o Rei sublevou-se de armas na mão

E escolheu um líder para os conduzir.

D. João, mestre de Aviz e irmão bastardo

De D. Fernando I, foi o escolhido para reinar.

A dinastia de Borgonha terminava neste reinado,

Portugal, dois anos de crise iria atravessar.

Vivem-se tempos de tensão e ansiedade,

Instala-se um grande caos politico e social,

Há que unir esforços e lutar pela liberdade,

“Todos com o Mestre de Aviz, por Portugal”.

Francis Raposo Ferreira

FrancisFerreira
Enviado por FrancisFerreira em 05/05/2011
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