Por Onde Andaste?

Por onde andaste enquanto as rosas te esperavam

chorando pétalas nos vasos que não viste,

quando o tempo sentenciou minha existência

com a insônia das estrelas?

Que vida emprestada tu usaste

enquanto a tua vida te esperava

no curso dos relógios sem aurora?

Por onde andaste contrariando teu destino

quando, em mim, a poesia te esperava

tecendo o enxoval feito de ausência

em todos os poemas que não leste?

Não viste os sinais que o amor te deu?

O amor compõe com flores

as cartas que envia em setembro

e sublinha a esperança dos ocasos

com as fitas do arco-íris.

Por onde andaste, em rumo inverso,

vivendo o reverso dos teus sonhos,

alheia ao que em ti me procurava

enquanto eu me perdia pelo tempo?

Ah, eu me gastei em lua e vento

forjando o alfabeto das esperas

para, um dia, te falar dos girassóis

com relatos povoados de abelhas.

Por onde andaste se sabias, desde sempre,

que meus versos perseguiam

os acordes dos teus passos?

Ah, enquanto te perdias de mim eu te encontrava

pelo rastro de gerânios que deixavas

em todos os caminhos que seguiste.

Por que te ausentaste tanto tempo

se sabias que a poesia te esperava

em teu único lugar?