A canção dos mares

O mar eu sou, a vida eu sou.

Veio primeiro do meu leito o homem.

Veio o amor e de mim a beleza.

Veio a fonte, veio o alimento,

A emoção vem e o peixe vem.

Da vida inteira sou modelo e fonte.

Sou a superfície onde desliza teu barco.

Do céu sou o azul desprotegido.

A constante de teu doce olhar.

De teu rebanho o generoso contratempo

E a tranqüilidade da tua coragem.

Da tua vida sou o motivo.

Pelas mãos de Deus em mim originaste,

E no fim da labuta para o meu azul

Em cinzas voltarás e descansarás em Paz.

Sou a vida de todos os seres, inanimados ou não.

Teu filho, teu namorado e teu matrimoniado.

A semente que fecunda, o homem e o esperma.

Sou o símbolo da vida, a elaboração, sou a ternura.

Ô pescador, a ti, dou tudo quanto tenho.

Sonhos, anzóis para a tua pescaria e frutos.

Ao teu filho o pequeno berço. A roupa que tu veste

E o pão que alimenta tua família.

E um dia talvez quando bem distante

A mim tu retornarás.

E em meu leito tranqüilo ou agitado

Em cinzas talvez para sempre dormirás.

Coloquemos a embarcação à deriva.

Cultivemos a alimentação para a vida.

Preocupemos com a tua cama,

Com o rebanho à minha margem.

Abundância, com certeza, teremos.

Seremos os donos das cores

Alegres e calmos. Cheios de amores.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 21/11/2006
Reeditado em 21/11/2006
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