A canção dos mares
O mar eu sou, a vida eu sou.
Veio primeiro do meu leito o homem.
Veio o amor e de mim a beleza.
Veio a fonte, veio o alimento,
A emoção vem e o peixe vem.
Da vida inteira sou modelo e fonte.
Sou a superfície onde desliza teu barco.
Do céu sou o azul desprotegido.
A constante de teu doce olhar.
De teu rebanho o generoso contratempo
E a tranqüilidade da tua coragem.
Da tua vida sou o motivo.
Pelas mãos de Deus em mim originaste,
E no fim da labuta para o meu azul
Em cinzas voltarás e descansarás em Paz.
Sou a vida de todos os seres, inanimados ou não.
Teu filho, teu namorado e teu matrimoniado.
A semente que fecunda, o homem e o esperma.
Sou o símbolo da vida, a elaboração, sou a ternura.
Ô pescador, a ti, dou tudo quanto tenho.
Sonhos, anzóis para a tua pescaria e frutos.
Ao teu filho o pequeno berço. A roupa que tu veste
E o pão que alimenta tua família.
E um dia talvez quando bem distante
A mim tu retornarás.
E em meu leito tranqüilo ou agitado
Em cinzas talvez para sempre dormirás.
Coloquemos a embarcação à deriva.
Cultivemos a alimentação para a vida.
Preocupemos com a tua cama,
Com o rebanho à minha margem.
Abundância, com certeza, teremos.
Seremos os donos das cores
Alegres e calmos. Cheios de amores.