Morada de mim

Quero saber dos sentidos, todos,

perdi-me nos inúmeros pensamentos

que fazem do hoje, ilusão, - minto? –

Sigo sem parar pelas beiradas do mundo,

talvez por medo de arriscar um presente

sem passado que nada sabe do futuro.

Entre um sim e muitos não(s),

os nós a serem desmanchados nas correntes

que me prendem a esse chão, - atração! –

Olhar de cima

e para cima de um céu onde estrelas

possam me mostrar o fim da escuridão.

Caminhando passos fortes, porém desprotegidos,

num destino sem sentido que varre o corpo,

- Ou estaria aí a paixão? –

Deixar o fogo queimar, consumir a alma apática,

rever as mãos nuas de toda sujeira,

que sem escrúpulos ou ao menos sutileza

por muito poluíram o corpo da vida.

Quero nos sentidos relaxar - e gozar... –

Um orgasmo cósmico sobre a cama ainda quente de tesão,

sentir meus pontos, todos eles, pedindo ainda por mais,

enquanto no céu revejo as cores que começam surgir.

Tingir os lábios no sabor agridoce que tem o amor,

ser em um jardim a esperança e simplesmente poder ser,

abrir mão do ter em gesto livre, livrar-me de tudo que sou.

Despir-me da roupagem que diz de mim

o que querem enxergar e ser apenas o que sempre fui

nesse imenso carretel de tempo onde o fio da lembrança

Já começa se apagar - será? –

16/11/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 23/11/2006
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