Nós e a chuva

Nós dois aqui sentados

e os sentimentos desajustados:

o que me importa agora é ter-te

bem perto, certo que estou

que o amor que sinto

também arde em ti.

A chuva já passou faz meia hora,

eu preciso ir embora,

pois lá fora o vento sopra

e aqui dentro do meu peito

meio sem jeito

meu coração chora e implora

por teu rosto e pelo gosto

do teu último beijo.

O que adianta, então,

se andas na contramão

deste sonho bom?

O que adianta estarmos

lado a lado, se nem ao menos

te posso tocar sem que a dúvida

impeça a minha reação?

A chuva já passou.

Nós continuamos parados

esperando que o inesperado

dê alguma sugestão.

A chuva que nos une

não está mais lá fora e agora

onde estamos? Seremos sempre

um engano, uma contradição?

A chuva já passou,

há uma hora não dizemos nada,

apenas olhamos, insones, um para o outro

talvez querendo que o silêncio responda

a esta questão.

Entre nós e a chuva

ainda cabe mais que uma vertigem:

cabe o amor que ronda nossas bocas

desejando loucamente

se manifestar.

Dedico esse poema a alguns dias inexatos.