ALGUMA COISA ME PRENDE A VOCÊ
18.11.03.
Alguma coisa me prende a você
Nunca a vi pelas rodoviárias
Não sabia seu idioma nem seus dialetos
Se fui a seu sítio, estava dormindo
Se algum dia nos falamos, foi telepatia
Chego a pensar sendo miragem
Nunca me vi assim
Me esqueci das outras paixões
Ou, é assim que se começa uma de verdade
Nunca estive em seus quintais
Nunca cruzei por você nas calçadas
Nem ao menos sentei ao seu lado nos ônibus
Se você esteve em meus quartos, foi projeção
Mas sei que algo me prende a você
Meus relógios nunca marcaram suas mesmas horas
Os ares que respirei nunca entraram em suas narinas
Suas matizes nunca havia misturado
Seus ritmos nunca havia dançado
Seu nordeste nunca viajei
Sua fala nunca falei
Seus gemidos nunca escutei e
Suas lágrimas nem sequer sequei
Mas alguma coisa me prende a você
Nunca frequentei suas praias
Nem ao menos subi suas serras
Nunca ouvi suas gargalhadas
Nem nunca um sorriso belo como o seu
Não havia ouvido essa voz ao telefone
Nem imaginava uma leoa tão dócil, domável
Não tinha a alegria que você transmite
A saudade que você deixa
A vontade de falar, a vontade de calar
O medo de um até logo
O medo de acordar de um sonho estúpido
Algumas coisas já sei porque me prendo a você!