CRISTAL QUEBRADO
CRISTAL QUEBRADO
Sergio Pantoja Mendes
Vieste.
Exalando o perfume gentil da maçã;
da vermelha e pecadora maçã, tu vieste...
Chegaste.
Lenta e suave, como o raiar do dia,
daquele dia que feliz desperta,
ouvindo dos pássaros a sinfonia, tu enfim chegaste...
E te fizeste única...
Te fizeste minha musa noturna, a me inspirar sonetos.
Minha cúmplice diurna, a brincar criança, em mil folguedos...
E te entregaste minha e me exigiste teu...
Então me dei. Sem restrições e sem razões,
ingenuamente de todo me dei...
Me quedei assim, ao vício pleno de ti...
De que valeu, se de repente partiste?
Sem despedida fugiste e esqueceste em teu lugar,
apenas do pranto, o cansaço das lágrimas ardentes...
Te foste.
Bela e distante, como o ocaso do sol,
ao esconder-se no horizonte, tu te foste...
E deixaste.
A minha paixão desprezada e aos cacos
e o meu coração, feito em pequenos pedaços.
Que luzem, tal qual pirilampos errôneos
e tal qual valioso cristal,
espalhado ao chão... e quebrado...