A mutação do amor - I

A mutação do amor - I

É sempre assim. Alguns são tão perfeitos qual novela literária.

Desencontram-se na hora certa, sofrem por fútil e atroz amor,

Têm confidentes e são heróis no caráter... Vencem, seja onde for.

São puras, imaculadas e sujeitas. São valentes, bonitos e fortes.

A boa mocinha encontra seu par no momento propício, e se unem.

Ela de branco da cabeça aos pés... Linda! As flores acompanham,

Com toda pompa e emoção... Seu sorriso se estende e contagia...

Ele a espera ansioso, com olhar terno e confiante, baixinho a elogia.

E são felizes para sempre!

Mas em minha realidade não há o para sempre. Acredito eu que

Sou mais da época do “eterno enquanto dure”. E nunca dura!

Sou do tempo em que se atualiza perfil para mostrar que estou só,

Que se muda a frase da rede para compartilhar meu sentimento,

Que trai, engana e enrola a si mesmo para tentar encontrar o “eu”.

Então nada é como outrora, lua cheia no céu, vaga-lume incandescente.

Agora o frio não está lá fora. Está aqui dentro! Muito bem alojado.

Sem branco, sem herói ou mocinha. Maculado e escondido, nessa dor,

Todo o sentimento estático de ser apenas eu.

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 03/06/2011
Reeditado em 11/01/2016
Código do texto: T3010864
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.