Declaração de amor

Manhã de primavera

sem flor, sem aquarela

tuas cinzas esfarelas

nos céus do meu olhar

olhar

do farol quieto e soturno

como um gigante leve

irmão dos pássaros e das vagas

cativando os silêncios d'alma

alma

do cata-vento sem espadas

das magnólias desprezadas

do vaga-mundo desmundado

andarilho sem rumo-trilho

de olhos baixos, fugidios

sem mais

aquele intenso brilho

brilho

da noite banhada em neon

qual lua longa de asas quietas

um convite a vôos distantes

foi assim que ele caiu das nuvens

com "o peso de uma rosa de espuma"

nos braços de um grande amor

É quando

o primeiro pingo

da garoa nua

fez minh’alma

ser tão sua

banhar-se na maviosidade

dos teus rios de dor

sem imagens

incendiando-me

com tuas paisagens

evanescentes de amor

beijo de brisa que sulca

o pelo felino

riso menino

sob o som de violino

derramas por taça de volúpias

seara de nirvanas

és minha linda borboleta

sedutora

que pousa embevecida

em mar de chamas

vestir-me de você nesta hora

hora escarlate

que transpassa

de amar e sonhar

no bojo tépido e macio

de uma bela acácia

tua alma traz a musica do mar,

marulhar no teu doce realejo

no frescor dos teu abraços,

balbucio, deliro,

versejo

nos teus braços

renascer em uma fonte

de generosa doçura

cárcere paradisíaco

quais flamingos alados

em ternura

Em meio aos teus lábios & versos

me sinto flutuar em espiral

na cadência de milhares de arraias

dentro de um balé vertiginoso,

divinal

Em você

como nas mais raras e belas flores

só devem pousar borboletas

com multicoloridas asas de seda

e delicadas anteninhas de ouro

Ah! Sua presença!

Quão maviosa!

Chegar assim

nesta doce intimidade solar

trazendo nas suas asas de amor

a fagueira calmaria do mar

como derramas n’alma

sob densas matizes

sua generosa cesta de cores.

És tão leve, tão luz, quão linda!

a pousar e repousar teus afetos

sobre os meus mais tênues sensores

faz-se toque entre cílios

feixe de gérberas

caldo de luar

reinventa num sopro melífluo

novas nuances para o verbo amar

faz-se beijo de brisa

cantinela de riachos

langoroso esvair-se da onda na areia

num que de ofertar

faz dos teus mansos fulgores

em minhalma,

um perene palpitar.

São as luzes das rosas

que iluminam tua alma?

Tormentas raivosas recuam

ao teu pedido de calma

O que continuará a existir sem você?

Pois quando o amor, generoso

derrama-se dos seus lábios sobre nós,

ele produz n’alma, o sublime frescor

de um novo

e orvalhado amanhecer

sentir-me

como as pedras frias, duras

mas que

no leito dos teus braços & abraços

acordam dunas

areia clara, macia

doce elegia

de querer-te

uma e muitas vezes

Será que há mais mel

no bojo da acácia

quanto na terna mansuetude

de seus belos olhos???

Será que há mais

delicadeza & sensualidade

nas curvas da tulipa escarlate

quanto na leveza sinuosa

de seu lindo talhe

coleante de prazeres???

tu me fez ver na queda

suave passo de dança

fez da tola ambição

e da nociva prepotência

ternura pura de criança.

Não será pelo teu sopro

que abrem-se as acácias

e sorriem as buganvílias

enamoradas?

Afinal quem é você?

que com os teus deleites

faz até mesmo

anjos & diamantes luminosos

anoitecerem?

Tua boca

tem sopro doce de luar

mas em minha alma

conjuga em chamas

o verbo amar

teu beijo

tem o mel da imortalidade

faz a alma sublevar

entre sensações

da tenra idade

teu corpo

és bojo macio de tulipa

a recender frescor

de magnólias apaixonadas

vestindo de luminoso paraíso,

meu taciturno mausoléu

faz-me sentir-se Hermes

altaneiro, irrequieto

a levar recados

entre a terra e o céu.

Só você tem esse dom

de dizer em terra,

doçuras e delícias de um céu

que se usufrui

na maciez de uns olhos fagueiros

e a lembrança dos teus doces abraços

leveza que me envolve asas mansas

de pássaros apaixonados

declamando ao lusco-fusco

amores e dissabores

contemplados da triste janela

derramam num vôo brando

slides dos teus sorrisos

quais brisas de mil paraísos

seus lábios tão lírios

quão líricos

teus braços tão cisnes de amor

tua alma quão lua,

tão sua...

você

meu mar jovem de flor

hoje minhas borboletas tagarelas

sonharam novamente contigo

e acordaram cochichando em rubor

que só mesmo dos teus beijos maviosos

flui o mel do paraíso.

Faça-me uma visita :)

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 03/06/2011
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T3012600
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