UM SONHO EM DUAS RODAS

Na madrugada fria

A silhueta de um guerreiro

Corta o espaço,

Voando ligeiro

Sobre o negro asfalto

Vão os sonhos

De um negro cavaleiro.

O estrondo do motor

É um trovão

Que cruza as planícies,

São os cascos

De uma fera indomável

Presa ao pulso forte

De um gladiador moderno.

O vento no rosto

Lança o desafio

E a máquina convida:

Vamos companheiro!

Enquanto os outros,

Pobres mortais

Presos as grades

Da sólida hipocrisia

De uma sociedade estéril!

Enforcam-se nas gravatas

Vermelhas de bolinhas amarelas,

Venha comigo

Ser herói e bandido!

Venha ser o que você quiser!

Sem ter de explicar

A ninguém mais

Além de ti mesmo

Aonde vais

Ou quando chegarás

Venha comigo!

Ponha sua amadura

E venha depressa!

Vamos correr, vamos voar!

E se te perguntarem:

“Aonde vai guerreiro?!

Aonde vai tão veloz

A correr... A voar....

Porque avanças

Tão sem medo

Como se perseguisse

O horizonte tão distante?!”

“Porque mergulhas

Na noite escura

Iluminando o caminho

No brilho audaz

Dos faróis agressivos?!”

Se ousarem te perguntar:

“Qual a razão

De tanta velocidade

Se não tens pressa

Para chegar?”

Responda sem medo

Que o que te empurra

Para as pistas

Nas voltas infindáveis

Das minhas rodas

Não é o medo

Pois não tememos a nada

E a ninguém!

O que nos impele

A voar baixo

Pelos intermináveis asfaltos

Das tortuosas rodovias

E o desejo insano

De termos de volta nossa liberdade

Pois somos ambos

A própria liberdade!

Somos os sonhos de um Ícaro

Que não quer acordar.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 06/06/2011
Código do texto: T3016987