mar de mim que me leva...

(apresentando O Transversal "Ao som dos Mares e Marés")

Mar de mim que me leva sem prantos,

Ou pranto (des) anunciado na leve brisa,

Escondendo chuva pouca, chuva

Suave, suave como suspiros amenos,

Tão necessários nos campos verdes.

Mar de mim que sem tempestades,

Me ancora em portos estranhos,

De velas tremulas, vielas escuras, algumas,

Algumas negras como carvão.

Olho este mar de mim, sono sem sono

Tantas as noites em claro, nas claridades

Claridades do raio, imponente raio,

Imponente o sonho desejoso, deste mar,

Deste mar onde sereias mudas passeiam,

Passeiam de mãos dadas com navegadores,

Piratas, alguns conquistadores, heróis esquecidos,

Escravos, exploradores, demónios,

Tantas as cruzes do Cristo bordadas.

[Tantas as caveiras da Morte também…]

Vejo todos, neste mar de mim, bravio,

Indomável na noite do dia, noite que antecede,

Antecede os dias sem sol,

Sem lua cheia ou farol, ou pirilampos lá,

Lá longe como estrelas, indicando terra,

Sempre a terra onde os cabelos descansam.

Olho este mar de mim, de tanto caminho,

De tantas as tempestades, sonhos, versos,

Caminho então, balanceio me então,

E neste mar de mim, encontro no mar de ti,

Sim, nesse teu mar, amar, anseios,

Urgências que acalmam, adormecem,

Adormecem este mar de mim.

[e o dominam, e o acalmam,

calmarias, bonanças, então.]

Neste fado silencioso de tanto

tão mar de mim, adormeço me em ti,

Embalado levemente, pelas ondulações,

Suaves as ondulações deste mar,

Desse mar de ti...