Tempo

Sem pressa caminham os homens,

Cansados, talvez, da labuta.

Vão com seus fardos às costas

Mochilas dos tempos idos,

Feitas por escravos idílicos

Nas fabricas dos sentidos,

Dos tempos da clemente vida.

Caem letras pelo chão

Sobre os pés do desatento passante.

Afastam-nas com prudência.

Que importa versos de paixão?

Pessoas que passam insensíveis,

Olhando por sobre a multidão,

Na curva da estrada,

Caem-se as balizas.

-Que serve para elas as letras?

E caminha nos antigos calçadões

De pedras macias e decoradas

As sombras pelo chão debruçadas

Quem pode estar escutando

A voz do amor, do adeus e do chamado.

Já não importa a sinal da fotografia na parede

Já não importam janelas e portas serradas,

E o respeito dos aposentos esquadrinhados.

Já não importa.

E vão fugindo dos antigos calçadões,

Lentamente, mas sérios, muito sérios.

Os mapa dos tempos idos.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 28/11/2006
Reeditado em 28/11/2006
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