Tempo
Sem pressa caminham os homens,
Cansados, talvez, da labuta.
Vão com seus fardos às costas
Mochilas dos tempos idos,
Feitas por escravos idílicos
Nas fabricas dos sentidos,
Dos tempos da clemente vida.
Caem letras pelo chão
Sobre os pés do desatento passante.
Afastam-nas com prudência.
Que importa versos de paixão?
Pessoas que passam insensíveis,
Olhando por sobre a multidão,
Na curva da estrada,
Caem-se as balizas.
-Que serve para elas as letras?
E caminha nos antigos calçadões
De pedras macias e decoradas
As sombras pelo chão debruçadas
Quem pode estar escutando
A voz do amor, do adeus e do chamado.
Já não importa a sinal da fotografia na parede
Já não importam janelas e portas serradas,
E o respeito dos aposentos esquadrinhados.
Já não importa.
E vão fugindo dos antigos calçadões,
Lentamente, mas sérios, muito sérios.
Os mapa dos tempos idos.