Amor Irreal
Amor Irreal
Um velho e imponente carvalho
Tornou-se monumento imortal
Numa terra de gente de trabalho,
Terra essa chamada Zambujal.
O velho carvalho vive lado a lado
Com uma lagoa de muita idade.
Ele até parece estar enamorado,
Tal é o sentimento de cumplicidade.
Quem o viu nascer, já desapareceu,
Ela é filha de pai desconhecido,
Muita conversa à sua sombra se deu,
Muito amor, em seus muros, vivido.
O seu tronco tem muito que contar,
As suas águas esfriaram corações,
Hoje limitam-se a viver a recordar,
Afinal a vida é feita de recordações.
Sua copa foi teto em verões quentes,
Seu leito razão de diversão infantil,
Partilham seus dias com suas gentes
Tentando amenizar esta vida difícil.
Testemunhas desta singela vivência
São os seus ilustres habitantes,
Gente de muito trabalho e experiência
Que vai recordando tempos distantes.
Desfrutam da solidária companhia
Da taberna do antigo sapateiro,
Hoje, enquanto copos de vinho avia
Vai servindo de depósito do carteiro.
Nem só o homem das cartas, amorosas
Ou angustiantes, é assíduo visitante.
Também a vítima de tardes calorosas
Pode aqui saciar a sede num instante.
Aqui se viveram lindas histórias,
Se fizeram promessas de amor e esperança.
Carvalho e Lagoa guardam nas memórias
Lindos tempos em que eram criança.
Francis Raposo Ferreira