VIVER DE AMOR
Quis viver de amor,
mas, quanto mais amava,
mais perto da morte chegava.
Por que amar é morrer para si
e aceitar que outra pessoa seja
o guia dos amanheceres.
Dei meus dias a ela.
Mas ela não soube usá-los.
Perdeu tempo falando
de coisas frágeis.
E eu me perdi um pouco,
enlouqueci um pouco,
me esvaí em dúvidas
se ela sabia o que estava fazendo,
se, por mim, ela estava vivendo,
se meu amor era puro mesmo
ou mera ilusão.
E passei a depender mais,
a respirar por ela,
a querer tudo por ela
e me perdi de vez.
Um dia, ela me disse
que havia vida em outro lugar
e se foi.
Quis viver de amor
e morri.
Ressurreto, voltei ao verso.
Morrer, morre-se de diversas formas.
Morri uma, duas vezes.
Mas, a cada ressurreição,
novas cores surgem no mundo.
Abro os olhos, bato no peito e
digo:
hoje estou melhor que ontem,
e pronto para, de novo,
viver de amor.