O SONHO E AS ROSAS VERMELHAS

Não, não preciso que me digas que sangrastes,
eu mesma contemplei com meus olhos,
teu desamparo, tuas mãos ao peito,
tuas lágrimas vermelhas...
Ai, amado, que dolorida visão!

A dor que te golpeava as escondidas
e que tu nem sonhavas que tanto sentirias
foi, por surpresa, anunciada ao meu coração.
Nas areias te encontrei, nada pude fazer,
foi meu mais angustiante e impotente choro.

Elevei minha oração, sofri junto contigo;
um vento forte se fez e os grãos em turbilhão te levaram às alturas.
Os vermes rastejantes que tu vias, de ti nada tinham,
eram ecos sombrios, vozes longínquas de outro mundo,
que à tua alma queriam ludibriar.
De água norma com pétalas de rosas vermelhas,
em bacia de prata, te banhei despejando
com as mãos a puríssima água sobre tua cabeça.
Eras um menino precisando ser amado.

Vendo minhas lágrimas com as tuas misturadas acordei,
e novamente orei, chorei por ti, por nós.
Ao Criador pedi a água que sacia a sede interior,
aquela que jorra da fonte do esquecimento,
lava e leva para longe a dor, mas deixa a indelével marca.

Não, não preciso que me digas que sangrastes.
Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 01/12/2006
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T306705
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